Teoricamente, o Estado está a serviço da coletitividade. Na prática, é um palco onde se desenrolam conflitos de classes; as classes dominantes tentam impor seus interesses particulares sobre os interesses coletivos – com pressões, influências, corrupção e violência. Os fiscais trabalhavam pela coletividade e contrariaram interesses de fazendeiros poderosos. Seu trabalho foi interrompido a bala. A violência é uma forma de intimidação dos servidores públicos, a morosidade da justiça e a impunidade são demonstrações de que o Estado é controlado pelos empresários. O sistema judicial é cúmplice do crime. A Assembleia Legislativa concedeu medalha de honra ao mérito ao fazendeiro acusado de mandante do crime. Só a pressão dos trabalhadores é capaz de mudar isso, só a reação da sociedade pode fazer prevalecer os interesses da maioria sobre os interesses da minoria. Aqui, uma cobertura ampla da chacina.
Do Portal Minas Livre.
Manifestantes exigem justiça na Chacina de Unaí
Por Rogério Hilário
Rodeados por cinco mil balões brancos, com faixas de protesto contra a impunidade e segurando estandartes com fotos dos quatro auditores fiscais e do motorista assassinados há sete anos em Unaí, no Noroeste do estado, familiares das vítimas, auditores fiscais, sindicalistas e autoridades fizeram uma manifestação, na manhã desta sexta-feira (28/1), em frente ao Tribunal Regional de Justiça, no Bairro Santo Agostinho, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Eles exigiram que os nove acusados do crime sejam julgados ainda este ano. Nesta sexta-feira, a chacina completou sete anos. Os quatro acusados de encomendar o crime continuam em liberdade e apenas os cinco executores estão presos. Ao final do ato, os balões brancos, simbolizando a esperança na punição dos culpados, foram soltos. A manifestação, apoiada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), a CTB e a NCST, foi organizada pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) e pela Associação dos Auditores do Trabalho de Minas Gerais (Aatit-MG). Os sindicalistas querem também pressionar pela realização do júri popular em Belo Horizonte e não em Patos de Minas, cidade próxima a Unaí, onde a família Mânica poderia usar de seu poder para influenciar os jurados.
Carlos Calazans, delegado da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), na época dos assassinatos, pediu perdão às famílias das vítimas pelos sete anos sem punição para os acusados do crime. "Fizemos tudo o que era possível, mas não conseguimos levar os culpados a julgamento. Por esta porta (se referindo ao Tribunal Regional de Justiça) passaram todos os acusados. Lembro bem que o Antério Mânica ligou para a SRTE para saber como estava o motorista, antes mesmo de termos notícia da chacina. Cheguei a Unaí na tarde do dia 28, juntamente com o então ministro da Justiça Jacques Wagner. Pior de tudo é que a Assembleia Legislativa deu medalha de honra ao mérito ao Antério Mânica, pelos serviços prestados. Eu devolvi a medalha que recebi em protesto", recordou Calazans.
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