sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O prefeito que não gosta de espaços públicos fecha o Parque Municipal

Esse Márcio Lacerda saiu mesmo melhor do que a encomenda. No ano passado, depois que as chuvas derrubaram árvores na cidade mais uma vez, ele mandou cortar inúmeras nos passeios, Belo Horizonte afora. Agora, interdita o Parque Municipal! Inacreditável. Cai uma árvore no parque e ele interdita todo o espaço. Por quê? Porque a morte da cidadã denuncia a incompetência da administração. Para mostrar serviço, o prefeito interdita o parque. Será que todas as árvores ameaçam cair também? Ou será que o prefeito não sabe? O que a prefeitura deveria ter feito é o óbvio: avaliar as árvores do parque, assim como anunciou, nas chuvas de 2010, que faria com as árvores dos passeios. (Não que tenha tido grande sucesso: só na minha rua, caiu uma árvore em 2009 e outra no final do ano passado, depois da tal avaliação passar por aqui e cortar um flamboyant.) Esta semana mesmo, passando em frente ao parque – que, ressalte-se, fica em frente ao prédio da prefeitura – pensei nisso: "se caem árvores nas ruas, também devem cair aqui". Obviamente, a prefeitura deveria fazer isso, não em emergência, mas como parte de uma política permanente de parques e jardins, mas não fez. Num país civilizado, que o Brasil pretende agora se tornar, caberia uma ação da (família da) vítima contra o prefeito, responsável, em última instância, por zelar pelas árvores plantadas em áreas públicas.

Do Hoje em dia.
Prefeitura de BH interdita Parque Municipal após tragédia
Um dia após a morte de Maria de Fátima Ferreira, 57 anos, atingida por uma árvore no Parque Municipal Américo Renné Gianetti, no Centro de Belo Horizonte, o prefeito Marcio Lacerda determinou a interdição da área por tempo indeterminado, a partir desta sexta-feira (14). Uma comissão formada por funcionários de várias secretarias foi criada para acelerar o levantamento do estado das 3.700 árvores. O local só será reaberto depois que possíveis podas e supressões sejam feitas. Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) afirma que a medida visa à segurança dos frequentadores. Dezesseis mil pessoas passam diariamente pelas alamedas da área verde. Este número sobe para 16 mil nos fins de semana (sic). O monitor José Carlos Ferreira, 56 anos, considerou um descaso das autoridades a morte da irmã, que foi esmagada na última quarta-feira (12) por um jatobá. Abalado pela tragédia, o irmão disse que ainda não sabe se vai processar a PBH. "A prefeitura deveria ter mais cuidado e carinho com a população. O local foi inspecionado há pouco tempo e o problema não foi detectado". Maria de Fátima fazia caminhada quando foi atingida pela árvore. Ela morava sozinha em um apartamento no Centro, amava a natureza e caminhava diariamente no Parque Municipal há mais de 30 anos, disse o irmão.
A íntegra.