domingo, 30 de janeiro de 2011

Um mês do governo Dilma

Algumas observações sobre o primeiro mês do governo Dilma. 1) Ações e discurso coerentes nos desastres causados pelas chuvas no Rio. 2) Retrocesso em relação à liberdade de conhecimento no Ministério da Cultura. 3) Retrocesso nas patentes de medicamentos, que passaram ao controle exclusivo da indústria, sem ingerência da Anvisa. 4) Minas Gerais nunca foi tão pouco representado no governo federal quanto na presidência da belo-horizontina Dilma: apenas um ministro. Por quê? Porque os quadros mineiros do PT e do PMDB são muito fracos? É verdade, se a gente pensa em Newton Cardoso e em Reginaldo Lopes. Isto significa que os melhores quadros mineiros são tucanos? É uma coisa a se pensar. Ou será por que Dilma, que deu 10 ministérios a paulistas, centra fogo em SP e deixa Minas ao aecismo, de bom convívio? Ou será simples descaso com o estado que lhe garantiu a vitória eleitoral? Menosprezar Minas é um erro capital na história brasileira. Uma impressão geral: Dilma não é Lula, não brilha como ele, a Era Lula passou, linhas políticas gerais vão continuar, mas o governo não é o mesmo. (Nesse sentido, é uma experiência que não tínhamos desde a ditadura: a continuidade com mudança de estilo. Naquela época, podia-se comparar Geisel com Médici, Figueiredo com Geisel, dizer que era tudo igual, dizer que havia diferenças importantes. Obviamente, por mais que um governo continue o anterior que o apoiou, o comando e o momento são diferentes.) Não seria fácil mesmo suceder Lula, que se transformou num fenômeno político. Dilma precisa agir para mostrar quem é. Há muito pra se pensar sobre a nova fase política que estamos vivendo, que Lula inaugurou, mas que se transforma com o governo Dilma. O que mais me incomoda é a educação. Não consigo imaginar este país melhorando de fato sem educação pública de qualidade em tempo integral. O que eu gostaria de ver é a sociedade se movendo por conta própria, os trabalhadores se impondo neste governo que tenta ser de todos, mas no qual prevalecem os interesses do capital.