quinta-feira, 4 de agosto de 2011
Diferentes. Melhores que nós
Hoje a construtora fez um rio na rua. Água que sai da obra corre junto ao meio fio até a esquina. Enxurrada sem chuva. Também o passeio – esburacado, quebrado – foi ocupado com pilhas de tijolos. Imagino se eu montasse um negocinho na porta da minha casa, se durante um ano, dois ou mais, eu me apropriasse do passeio para fins particulares. Se sujasse a rua, estragasse o passeio e ainda tumultuasse o trânsito para produzir e vender minhas mercadorias. Será que a prefeitura deixaria? Será que os vizinhos seriam tolerantes comigo? Pois é isso que a construtora faz. Durante anos – a construção em questão entrou no seu terceiro ano – se apropria do passeio, destrói a rua, tumultua o trânsito. E nada acontece. As construtoras são diferentes, melhores do que nós. Nós não passamos de contribuintes, elas são as donas da cidade.