Uma história exemplar para que a gente conheça melhor quem são os bandidos e quem são os mocinhos, quem são os jornalistas do PT e quem são os jornalistas do PSDB. Sim, porque jornalistas também têm preferência política. A diferença é que uns, pelo poder (político e econômico, para servir como capachos dos patrões), abdicam da ética e outros, não. Sabendo disso, a gente escolhe o que lê, em que jornalista a gente confia. Franklin Martins ou Merval Pereira? Mino Carta ou Eurípides Alcântara? Luís Nassif ou Augusto Nunes? Paulo Moreira Leite ou Reinaldo Azevedo? Jânio de Freitas ou Cristiana Lobo? Em 2013, só se informa com lixo quem quer.
Chame o ladrão
Por Leandro Fortes
Em meados dos anos 1990, eu era repórter da sucursal de Brasília de O Globo, então chefiada pelo jornalista Franklin Martins. Por intermédio de um amigo de um amigo, eu havia conseguido uma entrevista exclusiva com José Carlos Alves dos Santos, ex-assessor da Comissão do Orçamento do Congresso Nacional. Estopim do chamado "Escândalo dos Anões do Orçamento", José Carlos estava preso num quartel da PM, em Brasília, acusado de ter matado a própria mulher, Ana Elizabeth Lofrano, a golpes de picareta. Pelo crime, além de ter participado do esquema de corrupção no orçamento, ele pegou 20 anos de xadrez.
Eu fui à cadeia falar com ele, onde passei uma manhã inteira ouvindo aquela besta-fera jogar todo tipo de merda no ventilador. Além dos conhecidos participantes do esquema, José Carlos Alves dos Santos envolveu mais um bando de gente, sobretudo políticos graúdos àquela altura com cargos importantes no segundo governo Fernando Henrique Cardoso. Quando voltei à redação, relatei a entrevista a Franklin que, imediatamente, mandou que eu jogasse a entrevista no lixo.
– São acusações, sem provas, de um bandido.
Eram outros tempos, pois.
A íntegra.