Do movimento Minas sem censura.
Aécio e a "aritmética civilizatória"
Em texto na seção "opinião" do jornal Folha de São Paulo o senador Aécio Neves investe em temas diversificados, sob o guarda-chuva da sustentabilidade. É um artigo vacina. É que o portal Último Segundo trouxe a seguinte manchete na semana passada: "Com 23% de tratamento de esgoto, Minas derruba média do Sudeste". Na matéria fica claro que o ex-governador de Minas Gerais pouco, ou nada, fez em termos de suas recentes preocupações com sustentabilidade ambiental, acesso à água tratada e combate ao desperdício. Como ele não pode acusar o governo Lula de não ter investido o suficiente para superar os desafios postos, para o tema, ele fala como se fosse um líder mundial e cita, aleatoriamente, dados da Agência Nacional de Águas (ANA). O governo Lula, de fato, não investiu o suficiente para dar conta das demandas postas. O problema é que a crítica ao petista traria imediatamente três comparações: com o governo FHC, com sua passagem pela Câmara e com o governo de Minas Gerais, sob seu comando. Se o BNDES não tivesse reaberto os financiamentos às companhias estaduais, por oito anos barrados no governo FHC, sem qualquer contestação do deputado Aécio, Minas não teria investido quase nada. Resta, então, um texto confuso, assistemático e sem norte. E sua incursão pelos dramas ambientais do planeta Terra só adquire sentido como álibi: se o problema é mundial, seus déficits como governante se explicam nesse quadro. (...) Por Minas Gerais vai passar um mineroduto do Eike Batista, seu amigo. Discutido e operado em seu governo. A água que vai empurrar o minério para o Espírito Santo sairá das sub-bacias do São Francisco, já debilitado por mais de um século de mau uso. E Aecim Malvadeza desconsiderou os dramas planetários ao anunciar o "grande empreendimento".
A íntegra.
A matéria do Último Segundo.
Com 23% de tratamento de esgoto, Minas derruba média do Sudeste
Só 23% dos 853 municípios mineiros têm tratamento dos dejetos
Do tamanho equivalente ao da França, Minas Gerais possui 853 municípios e desigualdades regionais dignas de um País. Os municípios do norte do estado possuem índice de desenvolvimento humano menor em relação às cidades do Sul, que fazem divisa com o estado de São Paulo. O Atlas de Saneamento 2001, do Ministério de Planejamento, destaca a existência de duas Minas Gerais quando o assunto é água, esgoto e lixo. Dos 853 municípios, 92% têm coleta de esgoto, mas apenas 23% tem tratamento dos dejetos. O estudo também diz que a presença de municípios com situação de drenagem muito boa e boa na porção Sul do estado é visivelmente maior do que aquela observada na porção Norte. "Em certa medida esta situação é coerente com o quadro de outros indicadores de saneamento em nível municipal", aponta o atlas, sem detalhar os números específicos das duas porções do estado. A baixa taxa de tratamento de esgoto em Minas Gerais influência em dados regionais, aponta o estudo. "No caso da Região Sudeste, por exemplo, a baixa média regional de municípios que tratam o esgoto é bastante influenciada pelo pequeno percentual apresentado pelo estado de Minas Gerais, onde apenas 23% dos municípios que coletam também fazem o tratamento do esgoto".
A íntegra.