sábado, 29 de outubro de 2011

Enfim, o reconhecimento nacional: Minas está no topo da corrupção

A fonte é insuspeita: o jornal O Tempo, defensor ardoroso dos governos Aécio e Anastasia. Será que o jornal virou a mão ou será que a concorrência pelos leitores o levou a fazer jornalismo? Talvez tenha sido um cochilo do diretor, no final de semana. Abaixo a notícia e uma análise do jornalista José de Castro. Embora São Paulo seja incluído na matéria, ela fala de "três estados" e São Paulo aparece seguido de ponto final, como num erro de digitação. Para conferir é preciso ir à fonte, o texto citado na matéria. Ele diz: "Os dados coletados da Saúde e da Educação revelam um quadro preocupante. Nas áreas selecionadas, as modalidades menos competitivas de contratação pelo estado (dispensa e inexigibilidade) são responsáveis por 57% do volume de contratações, em média. No Pará, em Minas Gerais, no Espírito Santo e em São Paulo, o quadro é mais preocupante, com taxas de dispensa e inexigibilidade de 61%, 62%, 67% e 75%, respectivamente". São Paulo não apenas está na lista, como a lidera.

Do portal O Tempo.
Minas está no topo do ranking de risco de corrupção
São Paulo. Minas Gerais, Maranhão e Pará são os líderes do ranking de risco de corrupção, segundo estudo feito pelo Centro de Estudos da Opinião Pública, da Unicamp, a pedido do Instituto Ethos. Os três Estados tiveram registro de "alto risco" em quatro dos oito indicadores sobre sistemas de controle da corrupção avaliados pelos cientistas políticos Bruno Speck e Valeriano Mendes Ferreira, autores do estudo. Os dados são relativos ao ano de 2009. Das demais unidades da Federação, nenhuma foi aprovada em todos os quesitos. Transparência limitada, falta de competitividade nas compras públicas, submissão de órgãos de controle a grupos políticos e imprensa nem sempre independente foram alguns dos problemas detectados. Procurado, o governo de Minas não se posicionou a respeito de pontos específicos do estudo sobre risco de corrupção, alegando desconhecer a metodologia utilizada. O governo mineiro informou, porém, que tomou medidas para ampliar o poder de fiscalização da sociedade sobre as contas públicas, entre elas a criação do Portal da Transparência na internet.
A íntegra.

Do Blog da Kika Castro.
Alvoroço no ninho tucano: Minas e São Paulo no topo do ranking de risco de corrupção
José de Souza Castro
Estou surpreso. No portal do jornal "O Tempo" lê-se que "Minas está no topo do ranking de risco de corrupção". A surpresa, claro, não é pela posição do Estado no ranking, mas pelo título escolhido pelo portal pertencente ao ex-deputado federal tucano Vittorio Medioli para uma notícia não publicada, salvo engano, pelos concorrentes "Hoje em Dia" e "Estado de Minas". A notícia informa, no primeiro parágrafo: "São Paulo, Minas Gerais, Maranhão e Pará são os líderes do ranking de risco de corrupção, segundo estudo feito pelo Centro de Estudos da Opinião Pública, da Unicamp, a pedido do Instituto Ethos. Os três Estados tiveram registro de "alto risco" em quatro dos oito indicadores sobre sistemas de controle da corrupção avaliados pelos cientistas políticos Bruno Speck e Valeriano Mendes Ferreira, autores do estudo. Os dados são relativos ao ano de 2009." Não sei de onde foi tirada a última informação. Ao ler a íntegra do sumário executivo apresentado no dia 4 deste mês em Brasília, durante o Seminário Fundamentos para a Prevenção e Controle da Corrupção, a informação é que o estudo foi feito por aqueles dois pesquisadores da Unicamp entre janeiro e agosto de 2011, com o objetivo de comparar determinados mecanismos considerados relevantes para a prevenção e o controle da corrupção institucional nos 26 estados e no Distrito Federal do Brasil. Mas não quero supor que, ao destacar o ano em que os dados foram coletados, o corajoso jornal de Medioli quisesse livrar a cara de Antonio Anastasia, que não era governador em 2009. Posso supor, porém, que o portal quisesse não se expor ainda mais, publicando a informação do estudo de que "a mídia nos estados apresenta resultados medíocres para o nível de independência de redes de comunicação (televisão e jornais) em relação a grupos políticos regionais." E que em apenas em cerca de 30% dos estados – e Minas Gerais não se encontra entre eles – a "mídia cobre de forma equilibrada as denúncias de corrupção contra os governadores dos estados".
A íntegra.