Estudantes das escolas que tiveram piores resultados no Enem enfrentam desafios
Quem faz a escola é o aluno. O velho ditado é repetido como um mantra - muitas vezes quase uma oração - por jovens como Jeniffer Rodrigues dos Santos, Samuel Costa Linhares e Daniel Júnior Rampe. Matriculados em instituições de Belo Horizonte que ocupam a posição de lanterna no ranking do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), eles despontam como verdadeiros campeões na adversidade. A cada dia, "matam um leão" que aparece sob a forma da falta constante de professores, precariedade de materiais de estudo, inexistência de laboratórios e carência de infraestrutura básica. Não bastassem tantos desafios, todos enfrentam ainda o pesado fardo da dupla jornada de escola e trabalho. Os obstáculos são suficientes para comprometer o desempenho dos colégios na avaliação do Ministério da Educação (MEC), mas não grandes o bastante para impedir a construção de um futuro de sonhos e oportunidades. O Estado de Minas percorreu instituições da capital com os piores aproveitamentos no Enem 2010, cujo resultado foi divulgado no último mês, e se deparou com histórias de superação e esforço pessoal. Na Escola Estadual Engenheiro Prado Lopes, no Bairro Alto Vera Cruz, Região Leste de BH, o exemplo de sucesso responde pelo nome de Jeniffer. Com 18 anos, a garota vaidosa, de cabelo arrumado, maquiagem no rosto e um discreto piercing no nariz, fala com orgulho do boletim que nunca teve uma nota vermelha e, atualmente, ostenta dois 10, em matemática e física. Aluna dedicada e aplaudida por professores e diretores da unidade de ensino, ela conta que sempre arruma uma brecha na agenda de ajudante de cabeleireira ou um tempinho na pesada, e precoce, rotina de dona de casa para se entregar à sua paixão: livros e cadernos.