Ainda é só a eleição do candidato do partido à presidência da República no ano que vem, e haverá segundo turno entre os dois mais votados. O PS é um partido vacilante entre a proteção social e o neoliberalismo, mas é melhor do que o UMP do presidente Sarkozy (criado para suceder os desgastados partidos de direita, como se fosse uma coisa nova, assim como no Brasil o recém-criado PSD quer ocupar o espaço deixado pelo decadente PSDB: a direita sempre inventa uma legenda nova quando as antigas se tornam incapazes de vencer eleições). A participação dos socialistas demonstra o ambiente de mobilização popular no país, nessa nova onda socializante que se espalha pelo planeta.
Da Agência Carta Maior.
Votação massiva fortalece Partido Socialista na França
Eduardo Febbro, correspondente em Paris
O socialismo francês satisfez muito além das previsões mais otimistas as expectativas do primeiro turno das eleições primárias para designar um candidato às eleições presidenciais de 2012: o PS havia fixado a barreira do êxito em um milhão de vontantes mas, ao final, cerca de dois milhões de pessoas participaram da disputa entre as cinco candidaturas em jogo, cinco socialistas e um radical de esquerda. As previsões se cumpriram com uma surpresa: o terceiro lugar obtido pelo candidato da ala esquerda do PS, o deputado Arnaud Monteubourg, que fez 17% dos votos com o conceito de "desglobalizar" e um programa que apontou os bancos como a ovelha negra principal. Ele se converteu, assim, como o árbitro do segundo turno que ocorrerá no próximo domingo, entre o ex-primeiro secretário do PS, François Hollande (39%), e a atual secretária do partido, Martine Aubry (31%). A candidata socialista nas presidenciais de 2007, Ségolène Royal, e o representante da ala direita do socialismo, Manuel Vals, ficaram em quarto e quinto lugares, com 6% cada um. A mobilização da sociedade foi um momento de história política particular. Nunca antes um candidato havia sido escolhido desta maneira e, menos ainda, tinha se conseguido mobilizar tanta gente. As filas diante dos 9.600 colégios eleitorais habilitados eram imensas, inclusive nos bairros onde os socialistas são uma força quase clandestina. As pessoas saíram para votar como uma forma de enviar uma dupla mensagem: ao PS e ao presidente Nicolas Sarkozy.
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