Governos neoliberais não negociam, baixam o sarrafo. Quem negocia é governo de esquerda. Se não tem negociação, o conflito é decidido nas ruas, desde que o capitalismo existe. Como está acontecendo no Chile e nos países da Europa em crise, como aconteceu com os professores mineiros. Trabalhadores e estudantes são mais fracos, porque dependem do salário que governos e empresas cortam. E porque governos e empresários têm a polícia e os veículos de comunicação do seu lado, embora fingindo neutralidade, embora fingindo que "mantêm a ordem pública" e "informam a população". Para vencer, os mais fracos dependem de união, persistência e da solidariedade da sociedade. Coisa que não aconteceu com os professores mineiros, mas parece acontecer no Chile e na Grécia.
Da Agência Carta Maior.
Forte repressão no Chile. Nova greve geral é convocada
Christian Palma, direto de Santiago
A pesar de não terem sido autorizados pela prefeitura para marchar pela capital chilena, os estudantes se reuniram assim mesmo, quinta-feira, na Praça Itália, tradicional ponto de encontro nestes cinco meses de ocupações e greves, para iniciar uma nova caminhada denunciando a intransigência do governo de Sebastian Piñera, sobretudo na última reunião entre ambas as partes, que culminou com a saída dos estudantes da mesa de diálogo, após o Ministério da Educação reafirmar que a educação no Chile não pode ser grátis. A líder universitária, Camila Vallejo, junto com um grupo de dirigentes e estudantes, encabeçava a marcha portando um lenço com a frase "Unidos com + força". No entanto, poucos minutos após o início da marcha, os manifestantes foram reprimidos por um carro com jatos d’água, dos carabineiros, que acabou com a manifestação que estava apenas começando. Esse fato deu início a duros enfrentamentos entre estudantes e carabineiros em diferentes pontos de Santiago, sobretudo em frente à Universidade Católica, à Universidade do Chile, ao Instituto Nacional (colégio secundário mais importante do Chile) e nas cercanias do Palácio de La Moneda, em pleno centro de Santiago, onde um grupo de jovens com o rosto coberto (encapuzados) instalaram barricadas na principal avenida da capital, a Alameda, provocando a aparição imediata da polícia que os esperava para entrar em ação. E fez isso com força. A polícia reprimiu a todos por igual, aos que faziam desordens, aos estudantes inocentes e às pessoas comuns que passavam pelo lugar naquele momento. Foram cinco horas de luta contínua que deixou 150 detidos e vários feridos, entre civis e policiais. A Confederação de Estudantes do Chile (Confech), representada pelos porta-vozes Camila Vallejo e Camilo Ballesteros, juntamente com o presidente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT), Arturo Martínez, e o presidente do Colégio de Professores, Jaime Gajardo, anunciaram que continuarão com as mobilizações e convocarão uma nova greve nacional para o dia 19 de outubro.
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