A inquestionável competência administrativa dos governos Aécio e Anastasia fica provada mais uma vez: constrói o shopping administrativo milionário no fim do mundo, valoriza a região e agora desapropria terrenos valorizados em 2.000% -- isto mesmo, 2.000%! Quem paga? Todos nós, os que não votaram em Aécio Anastasia e a maioria que votou. Será apenas incompetência? Será apenas descaso com o dinheiro público? Dinheiro para pagar o piso salarial dos professores (que é lei) e melhorar a qualidade da educação pública não tem, mas para indenizar especuladores imobiliários, isso tem de montão.
Do blog do Fernando Massote.
Nosso bolso e os prejuízos da Cidade Administrativa
José de Souza Castro (*)
Já escrevi sobre a nova sede do governo de Minas chamada "Cidade Administrativa", resultado da megalomania do governo Aécio Neves, e dos prejuízos que ela deu aos contribuintes mineiros e aos próprios funcionários públicos que precisam se deslocar para lá diariamente. Hoje a "Folha de S. Paulo" revela que os prejuízos podem continuar, enquanto Aécio afia suas armas para disputar a presidência da República. Como se depreende de reportagem assinada pelo correspondente em Minas, Paulo Peixoto, muitos amargaram prejuízo e, alguns poucos, terão muito lucro com essa aventura imobiliária do governo estadual. Até as pedras do caminho sabiam que, quando o governo investiu mais de um bilhão de reais (o valor exato não se sabe, porque não há transparência nessa e em outras questões), elas sabiam que aquela região, que fica a mais de 20 quilômetros do Centro de Belo Horizonte, sem qualquer infraestrutura a não ser a rodovia que leva ao Aeroporto de Confins, se valorizaria tremendamente. Mas, ao contrário de alguns espertos da iniciativa privada, não sei se avisados com antecedência ou por clarividência, o governo não tratou de comprar antes os terrenos em volta para montar a infraestrutura necessária ao funcionamento da "Cidade Administrativa", antes de anunciar sua construção e iniciar uma vertiginosa valorização impulsionada pelos especuladores. Dito isso, voltemos ao que escreveu Paulo Peixoto:
"Os terrenos que o governo de Minas quer desapropriar no entorno da Cidade Administrativa podem custar 1.988% a mais do que o estado ofereceu há três anos. Inaugurado em março de 2010, o complexo abriga 55 órgãos do governo de Minas Gerais e 15 mil servidores. Como o local fica a 20 km do centro de Belo Horizonte, em uma região sem estrutura de serviços, o governo de Minas pretende desapropriar uma área de 1,1 milhão de metros quadrados no entorno para a instalação de lojas, escritórios e hotéis. Mas as perícias judiciais feitas para as ações de desapropriação das áreas -- já que o estado e os cerca de 80 donos dos terrenos não chegaram a um acordo -- estabeleceram um valor do metro quadrado muito superior ao oferecido pelo governo. Em ações em tramitação na Justiça em Belo Horizonte analisadas pela Folha, o valor médio do metro quadrado fixado pelas perícias (em maio de 2010) foi R$ 568,81. A Codemig, autarquia estadual autora das ações, ofereceu R$ 27,24. O governo sustenta que o valor da desapropriação não deve levar em conta a valorização de mercado, já que o decreto de desapropriação, de 2007, é anterior à própria Cidade Administrativa."
A íntegra.