terça-feira, 4 de outubro de 2011

Senado barra entrada de movimentos sociais

Mais um caso em que "a casa do povo" não permite que o povo entre e manda a polícia bater. O conflito de classes se dá em toda parte. A "casa do povo" na verdade é a casa das elites, que controlam os deputados, senadores e vereadores, bancando sua campanha eleitoral, apoiando candidatos submissos, comprando seus votos com lobbies. A presença de um ou outro parlamentar independente legitima a instituição, mas também possilita sua intervenção a favor dos movimentos sociais, como neste caso. Alguém já viu empresários ser barrado no Congresso ou na Assembleia? Não só entram como são tratados de "doutor".

Da Agência Carta Maior.
Movimentos sociais que discutiriam criminalização são barrados no Senado
Brasília – Militantes de movimentos sociais foram impedidos, nesta terça-feira (4/10/11), de entrar no Senado pela segurança da Casa, onde participariam de audiência pública, na Comissão de Direitos Humanos, sobre criminalização dos movimentos sociais. O acesso da maior parte dos convidados só foi possível depois da intervenção pessoal do presidente da Comissão, Paulo Paim (PT-RS). A sessão, que estava marcada para as 9h, foi aberta pelo senador por volta das 9h10, com a comissão praticamente vazia. Cerca de dez minutos depois, ele soube, por meio de assessores, que os convidados estavam tendo problemas com seguranças. "Quando entram os gravatinhas, os cartolas, não tem esse problema. Já fiz audiência pública com o Ministério Público, com juízes, e isso não aconteceu", afirmou. O secretário-geral da Nova Central Sindical dos Trabalhadores, Moacyr Roberto Tesch, que acabara de chegar à Comissão, confirmou a informação dada pelos assessores de Paim. "Está tendo uma certa dificuldade de acesso. Tivemos de passar até pela garagegm", disse. Após o relato, Paim suspendeu a sessão e se dirigiu a uma das portarias secundárias do Senado. A reportagem testemunhou um breve diálogo de Paim com dois seguranças. Ambos argumentaram que estavam cumprindo ordens de cima, que a Comissão não comportaria uma caravana que eles estimavam em 200 pessoas e algumas delas não tinham documentos. Sugeriram que Paim procurasse comandantes da polícia do Senado. O senador usou ramal da portaria para falar com um destes dirigentes, reclamou de que "há sempre esse constrangimento" contra os movimentos sociais na chegada ao Senado e que não era correta a informação de que a Comissão não comportaria todos os convidados. Se a sala fosse pequena, disse, seria possível acomodá-los numa outra, ao lado. Depois disso, a entrada foi autorizada. "Se fossem 200 empresários, primeiro que não haveria esse problema. Mas, se tivesse, haveria muito deputado e senador lá para ajudar", disse Tesch, já durante sua exposição na audiência. "O que aconteceu hoje aqui é emblemático da situação de enfrentamentos no Brasil", afirmou José Maria de Almeida, diigente da central sindical Conlutas. Candidato a presidente da República por três vezes, José Maria não tinha sido barrado.
A íntegra.