Notícia nenhuma talvez revela tanto a manipulação do noticiário quanto as que falam de inflação. Convivemos décadas com inflação mensal de "dois dígitos", como gostam de dizer os especialistas. Até que, finalmente, um plano deu certo. Mesmo assim, no governo FHC a inflação voltou a subir -- em maio de 1995 chegou a 2,67%, em novembro de 2002, a 3,02%.
Agora, anda abaixo de um dígito e há até deflação -- este mês, por exemplo, em São Paulo a alta é de 0,08%. E continua sendo notícia! Inflação de, digamos, "menos dois dígitos"! Jornalões e revistas sensacionalistas fazem escândalo com o preço do tomate! É o chamado sensacionalismo ridículo.
O que não significa que o custo de vida não pese no bolso do trabalhador. Por uma questão simples, intrínseca à economia capitalista: os preços variam, mas o salário é sempre o mesmo. No capitalismo, salário é o único preço sempre indexado.
Para quem vai ao sacolão e encontra por R$ 4,99 o quilo de uma maçã que custava R$ 2,99, é evidente que a inflação não é de 0,08%. E aí? O sujeito compra menos, ou não compra: compra uma fruta que está mais barata. Ou vai a outro sacolão. O preço da carne pesa muito na inflação, mas e se o sujeito é vegetariano? E se só consome alimentos orgânicos? Naturais? Integrais? Da mesma forma que para um a inflação pode pesar menos, para outro pode pesar mais.
Essa é a economia real, a economia da vida diária, da vida de quem trabalha, do cidadão comum. Os índices de inflação são fictícios, porque cada um consome de um jeito e se adequa aos preços que encontra. A inflação que existe para um não existe para outro. Sempre foi assim.
Antes como agora, índices de inflação são manipulações. Servem só pra encher espaço em jornal, para economistas ficarem ocupados, políticos fazerem discursos, para reajustar "proventos" de marajás do serviço público e ricos ganharem dinheiro aplicando seu capital.
Da Agência Brasil
Inflação na capital paulista tem leve alta de 0,08%
Camila Maciel
São Paulo - Após quatro medições com deflação, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) apresentou leve alta de 0,08% na segunda apuração de abril. Na primeira prévia do mês, o índice na capital paulista, medido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), registrou queda de 0,11%.A maior alta foi registrada no grupo alimentação, com variação de 0,5%. Em relação à última pesquisa (0,59%), no entanto, a taxa é 0,09 ponto percentual menor. Além do preço dos alimentos, outros quatro grupos tiveram variação positiva. As despesas com saúde e vestuário apresentaram a mesma taxa, com 0,45% cada. O grupo transportes teve alta de 0,23% e educação, de 0,18%.
Apenas dois grupos registraram deflação. Habitação apresentou variação de -0,12% e despesas pessoais de -0,8%. As taxas, no entanto, são superiores ao observado na primeira apuração de abril, quando os grupos registraram índices de -0,65% e -1,05%, respectivamente.
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