Do Observatório da Imprensa.
Um retrato assustador do país
Por Luciano Martins Costa
Notícias coletadas aleatoriamente nos jornais de quarta-feira (17/4/13) permitem compor um mosaico curioso sobre o campo da comunicação. Observamos aqui a notícia como produto do trabalho jornalístico e seu movimento, a comunicação, como o processo de produção de cultura – ou seja, os produtos da imprensa vistos como tijolos que entram na composição de um determinado momento da História.
Esse retrato não inspira otimismo: para onde se olhe, o observador vai encontrar sinais de retrocesso. Do Globo, pode-se colher a informação de que a morte da juíza Patrícia Acioli, ocorrida em agosto de 2011, contou com a cumplicidade de todos os integrantes de um grupamento da Polícia Militar do Rio de Janeiro transformado em ponto de negociações com traficantes. Segundo o jornal carioca, todos os policiais militares do grupo, inclusive o então comandante, se cotizaram para planejar e executar o assassinato da magistrada que atrapalhava seus negócios.
A constatação de que uma unidade inteira de um batalhão pode ter sido corrompida faz o leitor atento se perguntar em quantos outros quartéis pelo Brasil afora essa praga pode ter sido inoculada.
Também no Globo, texto e imagens chamam atenção para incidente ocorrido na Câmara dos Deputados, com indígenas protestando contra projeto que tira do órgão especializado, a Funai, a palavra final sobre demarcações de terras e a transfere para... a Câmara dos Deputados. Por trás dessa proposta pode-se identificar os mesmos dedos ligeiros que quase transformaram a legislação de proteção ambiental em uma licença geral e irrestrita para desmatar.
A íntegra.