Há muitos sinais de que o PT está morrendo. Com a idade de Cristo. Não chegará a 2014. Um dos sinais é o comportamento do prefeito Haddad, cuja eleição em São Paulo representou a esperança de renovação pelas mãos de uma nova geração de petistas.
Outro sinal é a política do governo federal em relação à velha imprensa oligárquica, que continua sendo sustentada com publicidade oficial, sem ser molestada por reforma da comunicação, que já está atrasada -- assim como outras -- há 28 anos, isto é, desde o fim do regime militar.
Quem apoiou a eleição da presidente, enfrentando e desmentindo o noticiário fraudulento da velha imprensa, foi a nova imprensa da internet, mas o governo se mantém curvado diante daquela, ignorando esta.
Assim como se mantém curvado diante da fifa, para realizar essas hediondas copas, a maior vergonha dos governos petistas.
Essa submissão à fifa é outro sinal da morte do PT: a copa, com sua corrupção e sua violência contra os brasileiros, é uma demonstração inequívoca de que o partido que tem esse nome não está mais do lado dos trabalhadores.
A lei da copa é um estado de sítio, não a serviço de um governante local, mas de um governo colonial, que responde a uma entidade estrangeira. Seria inconcebível que isso acontecesse enquanto o PT era oposição, mas, uma vez no governo, ele faz coisas que a direita sempre fez, com a diferença que agora não há mais oposição para protestar. Este é o verdadeiro mal que o PT fez ao País.
Com tantos defeitos, foram pegar o PT -- ou o rabo dele -- pelo que não fez: o "mensalão". Óbvio: a direita não reclama do que lhe beneficia e aos seus amigos empresários. Ironia das ironias: o PT pensou que agora que é um partido do capital podia fazer o que os outros partidos do capital fazem -- e se deu mal.
Perseguido pela imprensa decrépita, condenado num julgamento de exceção por um Batman de aluguel que sequer leu os autos, só encontrou para defendê-lo a nova imprensa. E como agradeceu a esta? Virando-lhe as costas.
Quando digo que o PT não chegará a 2014 quero dizer que na próxima eleição escolher Dilma não terá o significado que teve em 2010, quando Serra representava o retrocesso. No ano que vem, Dilma e Aécio, ou seja lá quem for que a enfrente, praticamente não se distinguirão, não pelos méritos do tucano, que não os tem, mas pelos deméritos do governo petista, que se tornou definitivamente o partido do capital. Os amigos dos petistas e dos tucanos agora são os mesmos.
A escolha, em 2014, ao que tudo indica será entre o que foi sempre ruim e o que é cada vez mais ruim. Espero ser desmentido; a compreensão da realidade muda de acordo com as informações que obtemos. Uma alternativa de renovação seria a candidatura do Lula, em vez da candidatura Dilma; em algumas áreas, como a comunicação, os governos Lula foram mais seguros do que o governo Dilma. Além disso, o carisma e a visão política do ex-operário o tornam mais ousado. De certa forma, Dilma foi a opção viável, em 2010, e não é muito fácil de carregar.
Mas não é isso o principal, não se trata de nomes e pessoas. Um partido de esquerda que ao chegar ao poder se consome na administração dos negócios do capital e se afasta-se das suas bases populares, perde a sua alma, a força que o fez nascer e lhe deu vitalidade. PT e povo já viveram em simbiose; hoje, o PT é um parasita do povo.
O PT se escora nas elites e bate no povo na rua. No dia seguinte, porém, terá de ir ao povo pedir seu voto, como acontece com todo partido conservador. Será que os trabalhadores vão reconhecer nele o seu partido? É provável que não, e aí o apoio da elite já não adiantará mais, porque iguais a esse PT, sem povo, a elite tem muitos partidos.
Passado um ano, em Belo Horizonte, fica mais claro que aquela embrulhada toda que levou o PT a só lançar candidato na última hora, não foi um mero equívoco. Até hoje a renovação do partido, que passa por sua volta às bases, não aconteceu. Este é mais um sinal da morte do PT, um indício de que os dirigentes partidários se acomodaram, de que PT e Lacerda não são farinhas tão diferentes assim e que talvez a eleição do repentino Patrus não tivesse feito muita diferença. É o que indica a situação em São Paulo.
A eleição de Haddad em 2012 tinha um significado claro. As urnas deram ao PT uma última chance; disseram: vai Haddad, volta ao povo e oxigena esse partido. Em vez disso, o prefeito preferiu afirmar seu poder no ar viciado dos tucanos e reacionários. Prefere atirar no povo, como fazem os tucanos, como fez a ditadura, como faz sempre a direita. E repetir o velho discurso segundo o qual o povo é que é violento.
Essa é a prova dos noves. A PM -- a polícia organizada pela ditadura para reprimir o povo e que continua a mesma depois que os militares se recolheram aos quartéis -- agora é a polícia do Haddad: ele a avoca, a defende, identifica-se com ela. Como se identificou com o capital e com os reacionários. Mas tem um sorriso simpático.
Os fatos podem me desmentir. Tomara.