Belo Horizonte -- e outras cidades também, pelo que mostram as notícias -- tem agora assembleias populares, iniciativas espontâneas da população mobilizada em manifestações. Na verdade, esse modelo parece estar presente em toda grande cidade que se mobiliza, num contexto em que partidos políticos e sindicatos foram enfraquecidos pelo neoliberalismo e pelo colaboracionismo -- o PT é só um exemplo de inúmeros partidos de trabalhadores e socialistas em todo o mundo que, no poder, governaram mais para a minoria de ricos que controla a economia do que para a maioria de pobres que os elegem. Assembleias são exercícios fundamentais de cidadania, mas não são fáceis de serem realizadas. Os movimentos populares de Belo Horizonte demonstram impressionante maturidade.
As assembleias são realizadas em espaços públicos, o que é outra coisa formidável.
Espaço público é espaço do povo. Não é à toa que o prefeito Lacerda e outros, representantes dos ricos, vêm privatizando os espaços públicos, fechando-os com grades, cobrando por seu uso, doando-os a grandes empresas, para que realizem "eventos", nos quais o "povo" não pode comparecer sem convite. Fato que aconteceu também com o Mineirão, doado pelo governo Aécio Anastasia a uma empresa de amigos, depois de reformado com dinheiro público, e esta empresa agora cobra caríssimo pelos ingressos, o que expulsou os torcedores pobres do estádio. Dessa forma, as manifestações populares são também uma retomada dos espaços públicos por quem tem direito a eles: o povo. Espaço público não é para empresas, não é para cercas, não é para uso restrito por amigos dos governantes, não é para acesso pago nem para gerar lucro. É público, é gratuito, é livre, é para o povo.
Os vídeos abaixo foram gravados pelo blog Praça Livre BH.