Crianças educadas pela publicidade crescem considerando os seres humanos mercadorias e suas relações como relações comerciais.
Do Outras Palavras.
Sobre crianças e mentes colonizadas
Por Lais Fontenelle Pereira
Dados mundiais a esse respeito apontam que a influência das crianças
nas compras realizadas pela família chega a 80% em relação a tudo o que é
consumido, inclusive em relação a bens e serviços de interesse
exclusivo dos adultos, como, por exemplo, marcas de automóvel, imóveis,
produtos de limpeza etc. No Brasil, só a moda infanto-juvenil movimenta a
soma anual de R$10 bilhões, o que corresponde a um terço de toda a
roupa consumida no país.
A partir desses dados podemos dizer que o mercado enxergou nas
crianças uma rentável fonte de lucros, já que quanto mais cedo você
fideliza a criança a uma marca, mais chances tem dela ser fiel à mesma
do berço ao túmulo, como dizem os publicitários. Assim, aproveitando-se
da fragilidade e vulnerabilidade infantil, o mercado passou, então, não
somente a atrair os olhares das crianças, como a dirigir-se diretamente a
elas com peças publicitárias feitas "sob medida".
Não foi à toa, portanto, que o Código de Defesa do Consumidor
Brasileiro previu proteger as crianças de apelos de consumo, instituindo
no Art. 37: "É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva (…)", e
explicando no seu parágrafo§2º que "É abusiva, dentre outras, a
publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à
violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência
de julgamento e experiência da criança, desrespeite valores ambientais,
ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma
prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança".
A íntegra.