Interessantíssima reflexão.
Do GGN.
Desvendando a espuma: o enigma da classe média brasileira
Renato Santos de Souza
A primeira vez que ouvi a Marilena Chauí bradar contra a classe média,
chamá-la de fascista, violenta e ignorante, tive a reação que
provavelmente a maioria teve: fiquei perplexo e tendi a rejeitar a tese
quase impulsivamente. Afinal, além de pertencer a ela, aprendi a saudar a
classe média. Não dá para pensar em um país menos desigual sem uma
classe média forte: igualdade na miséria seria retrocesso, na riqueza
seria impossível.
Então, o engrossamento da classe média tem sido visto
como sinal de desenvolvimento do país, de redução das desigualdades, de
equilíbrio da pirâmide social, ou mais, de uma positiva mobilidade
social, em que muitos têm ascendido na vida a partir da base.
A classe
média seria como que um ponto de convergência conveniente para uma
sociedade mais igualitária. Para a esquerda, sobretudo, ela indicaria
uma espécie de relação capital-trabalho com menos exploração.
(...) Tenho certeza de que todos nós educamos nossos filhos e tentamos agir no dia a dia com base na valorização do mérito. Nós valorizamos o esforço e a responsabilidade, educamos nossas crianças para serem independentes, para fazerem por merecer suas conquistas, motivamo-as para o estudo, para terem uma carreira honrosa e digna, para buscarem por méritos próprios o seu lugar na sociedade.
Então, o que há de errado com a meritocracia, como pode ela tornar alguém reacionário?
Bem, como o mérito está fundado em valências individuais, ele serve para apreciações individuais e não sociais. A menos que se pense, é claro, que uma sociedade seja apenas um agregado de pessoas. Então, uma coisa é a valorização do mérito como princípio educativo e formativo individual, e como juízo de conduta pessoal, outra bem diferente é tê-lo como plano de governo, como fundamento ético de uma organização social. Neste plano é que se situa a meritocracia, como um fundamento de organização coletiva, e aí é que ela se torna reacionária e perversa.
Vou gastar as últimas linhas deste texto para oferecer algumas razões para isto, para mostrar por que a meritocracia é um fundamento perverso de organização social.
a) A meritocracia propõe construir uma ordem social baseada nas diferenças de predicados pessoais (habilidade, conhecimento, competência etc.) e não em valores sociais universais (direito à vida, justiça, liberdade, solidariedade etc.). Então, uma sociedade meritocrática pode atentar contra estes valores, ou pode obstruir o acesso de muitos a direitos fundamentais.
A íntegra.
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