A decadência acelerada dos jornais e revistas (as bancas viraram lojas de bugigangas, os "banqueiros" dizem que as capas da Veja afugentam a freguesia) tem coisas esquisitas como esta para a qual o artigo abaixo chama atenção: jornal de empresa concorrente "cobre" televisão, isto é, divulga a programação da Globo. Como diz Lucélia Santos, vai entender...
Do Diário do Centro do Mundo.
A briga entre a Globo e a Folha em torno do BBB
Paulo Nogueira
Quando as coisas vão bem, ninguém briga. Mas quando a crise bate, os ânimos ficam à flor da pele.
É este o pano de fundo para a decisão da Globo de proibir o UOL e alguns outros sites de cobrir o BBB 14.
Senti uma certa satisfação com a notícia porque me lembrei do que a Folha, dona do UOL, fez com a Falha de S. Paulo. A mesma pressão econômica pela justiça, a mesma censura, a mesma agressão à liberdade de expressão.Ri sozinho, também, ao ler a nota do UOL. O portal se orgulhava de ter feito "a melhor cobertura" do BBB em suas 14 edições.
Pausa para gargalhar.
Ora, você deve se orgulhar de coisas relevantes. Fazer a melhor cobertura das manifestações, ou das eleições, ou da chegada do homem à lua, e por aí vai.
Mas do BBB, o símbolo máximo da frivolidade idiota da televisão?
O episódio expõe também uma esquisitice brasileira. Os concorrentes da Globo dão um espaço absurdo à emissora, o que apenas a ajuda na captura de mais de 50% da receita publicitária do país.
A própria Folha ainda hoje mantém uma coluna diária sobre o mundo da televisão quando seus leitores já estão amplamente conectados na internet, e distantes de novelas, telejornais e coisas do gênero.
Será que os editores da Folha não acompanham o Ibope da Globo? Ou os movimentos de seus leitores rumo à internet?
É patética a reação do UOL: avisou a seus leitores que continuará a dar toneladas de conteúdo do BBB na Folha e em outros sites da empresa.
Isto é o que "o jornal a serviço do Brasil" tem a fazer numa situação de enfrentamento?
Ora, que a Folha tenha uma reação máscula.
Fica aqui a sugestão de que o jornal cubra, enfim, o escândalo documentado da sonegação da Globo na Copa de 2002.
O selo da campanha já está dado: "Mostra o Darf!"
A íntegra.