"A Globo comanda o Senado?", pergunta o senador Roberto Requião em incisivo discurso que Globo, Folha, Veja etc. não vão publicar.
Ele pediu informações sobre processos fiscais contra a Globo, mas a mesa do Senado negou. Não pediu informações sigilosas, pediu informações que devem ser públicas.
Pediu também informações sobre decreto presidencial que aumentou para 40% a participação estrangeira no capital do Banco do Brasil. O governo também se negou a fornecer.
A tal lei de transparência existe quando interessa aos poderosos.
Chateaubriand perpetuou sua rede de comunicação criando os diários associados, um condomínio praticamente impossível de fechar.
Roberto Marinho aperfeiçoou o modelo juntando à Globo políticos concessionários de televisão em todo o País.
Do Diário do Centro do Mundo.
O controle remoto pelo qual a Globo comanda o Brasil
Paulo Nogueira
Roberto Marinho foi um gênio, há que reconhecer.
Mas um gênio do mal.
Sua maior obra foi montar um esquema inviolável de manipulação dos poderes no Brasil.
As emissoras afiliadas, entregues a políticos amigos, como Sarney e ACM, garantiram que no Congresso a Globo jamais seria questionada seriamente.
Já sem ele, a obra de controle foi estendida à Justiça pelo Instituto Innovare, do qual falei aqui outro dia.
Na fachada, o Innovare premia anualmente práticas inovadoras no judiciário em cerimônias às quais comparecem os juízes mais poderosos do país, notadamente os do Supremo.
A aproximação, neste processo, dos Marinhos com os juízes é uma aberração do ponto de vista ético e uma agressão ao interesse público, dados os interesses econômicos da Globo.
Contar com juízes amigos é bom para a Globo e ruim para a sociedade.
Um dia Gilmar Mendes, por exemplo, terá que explicar por que concedeu habeas corpus a uma funcionária da Receita flagrada tentando fazer desaparecer os documentos da célebre sonegação – trapaça é a melhor palavra – da Globo na Copa de 2002.
Uma passagem anedótica do Innovare junta Roberto Irineu Marinho, presidente da Globo, e o juiz Cesar Asfor Rocha.
Uma foto registra um abraço cordial entre ambos numa premiação. Rocha presidia o STJ e era cotado para uma vaga no STF, na gestão Lula.
Acontece que chegou a Lula uma história segundo a qual Rocha pegara uma propina para favorecer uma empresa num julgamento.
A íntegra.