Produzido nos assentamentos do MST.
O grande historiador Eric Hobsbawm, falecido há um ano, observa em "Era dos Extremos -- o breve século XX" que a morte do campesinato é a mudança social mais impressionante do século passado.
"Desde a era neolítica a maioria dos seres humanos vivia da terra e
seu gado ou recorria ao mar para a pesca", escreveu. Na segunda metade do século XX, a população rural caiu drasticamente em todo o mundo, sendo reduzida a 3% nos países mais industrializados; em 2011, até a superpopulosa China tornou-se pela primeira vez na sua história um país majoritariamente urbano.
Essa urbanização e desruralização transformou radicalmente uma questão elementar do ser humano, a alimentação. Alimentos agora são produzidos em propriedades imensas, em quantidades astronômicas, por poucos e riquíssimos proprietários, para abastecer o mercado global. São produzidos com uso de máquinas, sementes modificadas em laboratório e muito veneno para garantir produtividade. São usados para produzir alimentos industrializados, que consumimos cada vez mais.
Os resultados desse novo modelo, cuja lógica é a do capital -- produzir mais para lucrar mais --, são devastação ambiental, cidades gigantescas e inóspitas, obesidade e doenças novas. Uma lógica que do ponto de vista da sociedade é desnecessária e do ponto de vista da saúde é nociva; toda ou quase toda a comida de que precisamos pode ser produzida no nosso quintal ou num cinturão verde em torno da cidade em que vivemos.
É essa produção de alimentos -- orgânica, diversificada, em áreas e quantidades menores, sem uso de venenos, cuidando do ambiente, sempre fresca -- que a agricultura familiar produz e que o MST defende. E que a humanidade precisa para se salvar da catástrofe iminente. É uma questão de escolha, urgente.
Da página do MST
Prefeitura de São Paulo e MST: arroz orgânico na merenda escolar
por Luiz Felipe Albuquerque
As crianças das escolas municipais da cidade de São Paulo passam agora a ser beneficiadas com os alimentos produzidos nos assentamentos da Reforma Agrária.
Nesta quinta-feira (3/10/13), a prefeitura assinou o primeiro contrato de comércio de alimentos agroecológicos com cooperativas do MST, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).
Serão entregues 930 toneladas de arroz orgânico produzidos pela Cooperativa dos Trabalhadores dos Assentados da Região de Porto Alegre (Cootap), do Rio Grande do Sul, ao valor de R$2,4 milhões, beneficiando 1400 famílias da região.
Para Nelson Krupinski, da coordenação da Cootap, essa é mais uma prova das potencialidades da Reforma Agrária, além de também permitir desenvolver ainda mais os assentamentos.
"Essas parcerias permitem criar um cenário e estabelecer metas mais palpáveis de produção. Nos dá segurança de que pode continuar a produção orgânica, desenvolve os assentamentos e fortalece a agricultura familiar", destaca.
A íntegra.