O Brasil (a Globo, principalmente) criou um gênero dramático e um ganha-pão para atores, escritores e todos os profissionais que fazem uma novela ir para o ar. Sempre achei que seria ótimo se as novelas fossem boas, vi algumas memoráveis, mas a maioria era clichê e manipulação da opinião pública, isso de que fala este texto. Há muito tempo não vejo nenhuma, ficaram todas "invisíveis". Sem falar na prepotência dos "artistas" globais.
Do blog Viomundo.
Walcyr, o carrasco do black power
por Lelê Teles, via e-mail
Walcyr Carrasco, autor da novela Amor à Vida, da Rede Globo, orientou
a equipe de caracterização da trama das 9 da noite a cortar o cabelo do
ator Kayky Gonzaga, que faz o personagem Jayminho, um garoto negro que
foi adotado por um casal de gays brancos.
Nada demais não fosse a explicação do autor: "tenho ouvido críticas
muito pesadas e rejeição, principalmente ao cabelo dele. Eu quero um
personagem bem aceito".
Como é, principalmente ao cabelo dele, então há outras críticas "muito pesadas" e "rejeição" contra o ator negro? Quais seriam?
Carrasco dá uma pista: "bem, se não estão felizes com o que estou
fazendo contra o preconceito, tiro o personagem da novela e acaba a
polêmica".
Humm, taí uma boa forma de lutar contra o preconceito.
Para o autor decidir tirar o personagem da trama é porque as críticas devam ser realmente muito pesadas.
Por que a estética negra incomoda tanto? Por que um garoto negro não pode ter um cabelo comprido?
Segundo Walcyr "a verdade é essa: só pedi para mudar o visual de
Jayminho porque ele foi adotado por alguém de dinheiro. É o que
aconteceria".
Mentira, o ator Marcello Antony, que é o pai adotivo do garoto na
novela, é pai adotivo de um garoto negro na vida real e o filho de
Antony, veja você, tem o cabelo quase igual ao de Jayminho.
Ninho, outro personagem da novela, tinha um longo cabelo rastafári.
Como rastafári ele era um pai irresponsável, seqüestrador da própria
filha, traficante e violento.
Aí ele se mudou para os Estados Unidos, cortou os cabelos e, qual
Sansão, perdeu as forças. Tornou-se um cara compreensivo, responsável e
amigo da filha.
O diabo é que Ninho é um artista, ganha a vida como artista, mas
passou a andar vestido como um gerente de loja de shopping Center.
As novelas, há muito, não criam somente um simulacro de sociedade no Brasil, elas confundem a realidade com esse simulacro.
Mamãe não sabe se a campainha tocou na novela ou se foi na casa dela.
A íntegra.