segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Por que lutam os black blocs

Jovens brasileiros do movimento que nasceu na Alemanha não se veem representados nos partidos políticos e não se identificam com as cores nacionais. No fundo, não diferem muito do povo brasileiro, que só se unia em torno da Seleção, e agora nem assim. A violência desses jovens que põem sua vida em risco choca a direita e a esquerda -- mas a primeira sempre a utilizou e a segunda se acostumou com ela.

Da BBC Brasil.
'Estamos lutando por algo que ainda não sabemos o que é', diz Black Bloc 
Maurício Moraes 

"Estamos lutando por algo que ainda não sabemos o que é, mas que pode ser o início de algo muito grande que pode acontecer mais para frente", diz uma integrante do movimento Black Bloc em entrevista à BBC Brasil.
A estudante de 23 anos escolheu o nome fictício de Iuan para conversar com a reportagem pelo telefone. Após a BBC Brasil fazer o primeiro contato pela página Black Bloc RJ no Facebook, a ativista ligou na hora marcada para a redação para dar a entrevista. Não queria divulgar seu número de telefone.
A jovem também se recusou a dar mais detalhes de sua vida e de sua participação no movimento. Só aceitou conversar com a garantia de total anonimato.
A estudante iniciou a entrevista ressaltando que não fala pelo movimento, reafirmando o caráter descentralizado e "sem lideranças" do Black Bloc.
Iuan se define como revolucionária, porém diz ser realista porque avalia que o Brasil ainda não oferece o cenário político e social favorável para uma revolução.
"Eu não diria que a revolução é uma realidade agora. Sabemos que revoluções de pensamento levaram dois séculos para acontecer. Mas posso dizer que isso pode ser o início de uma coisa muito grande daqui para frente", diz.
A estudante conta ter um "histórico de manifestações". Em junho, quando o país foi sacudido por uma onda de protestos, ela foi às ruas com o rosto pintado de verde-amarelo. "Aí, um dia, olhei para mim, me vi com verde e amarelo no rosto e pensei: por que eu estou assim, já que eu não tenho orgulho disso? Aí eu pensei: preto combina muito mais", conta a jovem.
A íntegra.