Além da história escabrosa (o Congresso virou casa de bandidos soltos), a matéria abaixo vale porque lembra o jornalismo de antigamente, antes do governo Collor. Desde então e mais ainda a partir do governo Lula, a velha imprensa só produz "reportagens" sensacionalistas e maniqueístas. Reportagem que ouve diversas fontes, busca conhecer os bastidores dos fatos e reproduzir uma história próxima da verdade só acontece agora aqui, na internet.
Para mudar esse Congresso de lobbies (o mesmo que mudou o Código Florestal e agora ataca as terras indígenas) que não nos representa é preciso uma profunda reforma política, que comece ouvindo o povo -- origem do poder na democracia --, mas nem políticos de centro e de direita (PSDB, PMDB, PP, DEM, PPS etc.) nem velha imprensa (Globo, Folha, Veja etc.) querem isso. Então o noticiário fica só no sensacionalismo que procura desmoralizar a democracia e ligar a corrupção ao PT, embora ele seja o partido menos corrupto e mais democrático -- porque é o único que foi formado por lideranças e movimentos populares.
PS: Mas o ministro do STF violou a Constituição.
Da Agência Carta Maior.
O lado oculto da votação que livrou Donadon
Ao longo desta semana, Carta Maior conta o lado oculto na votação que livrou o deputado-presidiário Natan Donadon da cassação. Informações de assessores de gabinetes e consultores da Câmara revelam que o que pesou mais na decisão dos que ajudaram o parlamentar foi o medo de terem o mesmo destino. É que mais de uma centena de deputados é acusada de crimes similares aos de Donadon.
Por Antonio Lassance*, de Brasília.
Foi mais do que simples corporativismo. Muitos parlamentares ficaram aterrorizados com a situação de Natan Donadon (Sem partido-RO) porque viram a si próprios em sua pele. Ela tinha as marcas das algemas. É como se, em seus ouvidos, tivesse soado a frase celebrizada por uma antiga propaganda de vodca (Orloff) em que um clone diz ao seu original: "eu sou você amanhã".
A avaliação do caso é feita por assessores da Câmara dos Deputados, que trabalham em gabinetes de diferentes partidos, e consultores legislativos, que são servidores do quadro da Câmara, ouvidos sobre a votação possível e inimaginável da última quarta-feira, 28 de agosto.
Todos são assessores ou consultores com, pelo menos, mais de uma década na casa. Conhecem como ninguém o que pensam e como agem os parlamentares. Muitos lidam com os assuntos escabrosos que tiram o sono de seus deputados e, vez por outra, confidenciam seus dramas.
Dentre as várias razões decisivas para evitar a cassação de Natan Donadon, a mais importante de todas, sem sombra de dúvida, foi o medo da carceragem da Polícia Federal. Ela contribuiu para a maior parte dos 131 votos pró-Donadon.
Coincidentemente, mais de uma centena de deputados tem processos na Justiça, alguns já em fase avançada, e temem algum dia sofrer condenações do mesmo tipo da que se abateu sobre Donadon, acusado de ter praticado um desvio da ordem de R$ 8 milhões, da Assembleia Legislativa de Rondônia.
A íntegra.