É como o Brasil: mudou, mas não tanto assim. Se o julgamento do "mensalão" tem semelhanças com a condenação de Tiradentes à morte, em 1792, segundo insuspeito historiador britânico, o que dizer das práticas arbitrárias das polícias?
Do Opera Mundi.
Perto do aniversário de 40 anos do golpe, brasileiro vítima de Pinochet é barrado em Santiago
Victor Farinelli, de Santiago
O ex-sindicalista brasileiro Dirceu Luiz Messias, de 72 anos, foi barrado neste sábado (7/9) no aeroporto de Santiago (Chile) e devolvido ao Brasil. Ele havia viajado a convite de organizações de direitos humanos para participar dos eventos de 40 anos do golpe de Estado que derrubou Salvador Allende e iniciou a ditadura de Augusto Pinochet.
Messias é um dos sobreviventes do Estádio Nacional, para onde foram levados opositores de Pinochet após o golpe de 11 de setembro de 1973.
O ex-sindicalista desembarcou na capital chilena por volta das 19h45. Ao iniciar os trâmites para o seu ingresso ao país, teve o seu documento de identidade confiscado e começou a ser interrogado por diferentes policiais da PDI (Polícia de Investigações, responsável pelo trâmite de aeroportos e fronteiras).
"Passei horas de pé respondendo perguntas que se repetiam: de onde eu vinha, o que vinha fazer exatamente no país, como e quando havia estado no Chile anteriormente, e apesar de responder tudo, eles insistiam em perguntar", relatou o brasileiro, que disse ter enfrentado quase uma hora de perguntas.
Ao final do interrogatório, os policiais chilenos informaram Messias que ele não poderia ingressar no país, segundo ele, sem oferecer nenhum motivo para justificar essa decisão. "Um dos policiais me levou, de forma agressiva, para um sofá, onde eu teria que aguardar. Eu perguntava o motivo do impedimento e ele não me dizia, pedia para poder falar com alguma das pessoas que estavam esperando por mim na sala de desembarque, e ele também me negou esse direito", contou ele, em entrevista para Opera Mundi.
A íntegra.