Nas eleições municipais deste ano, a direção nacional do PT, a começar pelo ex-presidente Lula, só pensa em manter o governo federal. Em função de alianças, sacrifica prefeituras e estados. Cabe aos petistas de cada município e de cada estado resistir. Em Porto Alegre e São Paulo, o PT terá candidato próprio; em BH, Pimentel e até Patrus estão prontos para capitular. O caso mineiro é especialíssimo: se a aliança é tão ampla que cabe até os inimigos tucanos, contra quem ficará o PT? No atual mandato, como se viu, Lacerda substituiu o projeto petista pelo projeto tucano: o PT ficou relegado a segundo plano e os quadros ligados ao vice-prefeito Roberto Carvalho, inclusive o próprio, foram defenestrados em 2011. Mesmo assim, pimentelistas insistem na aliança, sem ver o óbvio: o espaço de oposição -- vale dizer, da esquerda -- será ocupado por outro partido e os petistas podem ter uma desagradável surpresa.
Da Agência Carta Maior.
Aos 32 anos, PT debate alianças municipais; SP e BH são problemas
Najla Passos e André Barrocal, de Brasília
O Partido dos Trabalhadores (PT) comemora sexta-feira (10/2/12) seu aniversário de 32 anos com um grande encontro de dirigentes, prefeitos e parlamentares no qual discutirá estratégias para as eleições municipais de outubro. E festeja diante de um dilema. Abrir-se a coligações inéditas, mais à direita, para ganhar cidades importantes? Ou restringir as alianças a partidos de esquerda e da base de apoio à presidenta Dilma Rousseff, reduzindo chances de vitórias? No centro da dor de cabeça, estão duas das maiores cidades do País e capitais de estados de onde os tucanos, grandes inimigos do PT, arrancam força eleitoral nacional, São Paulo e Belo Horizonte. Na primeira, o ex-presidente Lula, patrono da candidatura do ex-ministro Fernando Haddad, interessa-se por um algum tipo de acordo com o prefeito Gilberto Kassab, do PSD, para incômodo de círculos petistas. Em Minas, o drama é repetir ou não a dobradinha com o prefeito Márcio Lacerda (PSB) em palanque com o PSDB do senador-presidenciável Aécio Neves, também aliado do atual governante. Estratégias serão discutidas no encontro na sexta-feira, mas a política de alianças será decidida mesmo pelo diretório nacional, que se reunirá na véspera e, desde o IV Congresso Nacional do partido, em setembro do ano passado, já está autorizado a patrocinar acordos mais pragmáticos. (...) Em Belo Horizonte, a disputa entre correntes de pensamentos diferentes extrapolou para uma explícita guerra na base do "fogo amigo", com o vazamento à imprensa de informações delicadas para o atual ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, sobre consultorias que ele prestou. Antecessor de Lacerda e um dos padrinhos da candidatura dele junto com Aécio Neves, com quem tinha boa relação, Pimentel é visto por setores do PT de Minas como um obstáculo a uma candidatura própria. Recentemente, um grupo mais à esquerda divulgou nota com críticas ao ministro e o prefeito, que rompeu com o vice do PT, e defendendo abertamente um nome próprio, pois "o processo que culminou com a vitória do PSB com a eleição de Márcio Lacerda em 2008 foi um terrível erro tático e estratégico". (...) Depois de 32 anos, o PT cresceu e tem 552 prefeitos, dos quais 400 devem participar da festa de sexta-feira, o maior quórum já registrado em eventos internos do tipo. A presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula também devem participar. O partido quer aumentar a quantidade de prefeituras em 2012, mas sem falar em meta numérica.
A íntegra.