sábado, 11 de fevereiro de 2012

Tintin, o Sítio do Picapau Amarelo e o racismo

A acusação contra Hergé é a mesma que se faz contra Monteiro Lobato. Nosso querido Sítio do Picapau Amarelo também tem páginas racistas e simpáticas ao fascismo. Ao mesmo tempo ambos são literatura da melhor qualidade, arte em quadrinhos e literatura infantil, leituras que nos deleitaram e continuam deleitando as crianças. Na história, Tintin mostra um mapa da Bélgica aos africanos e ensina: "Essa é a nossa pátria". O assunto é delicado. Estamos sempre reinventando a história; o fato de vermos hoje o mundo de forma diferente não pode significar a censura e o apagamento do que existiu antes. É preciso conservar o que fomos para que, olhando o passado, nos compreendamos. O protesto faz sentido, mas os antirracistas manifestam a mesma intolerância que condenam. Seria razoável e mais útil, a meu ver, que a Justiça belga ordenasse a publicação de uma advertência na obra contendo a crítica que hoje se faz àquelas manifestações de racismo. A mesma providência cabe nos livros de Lobato.

Do Opera Mundi.
Justiça belga nega proibição de HQ de Tintim acusada de racismo
A justiça belga considerou "infundado" nesta sexta-feira (10/2) o pedido de proibição do livro em quadrinhos "Tintin au Congo" (foto), ou "Tintim na África", na versão brasileira. O imigrante congolês Bienvenu Mbutu Mondondo havia entrado com uma ação em uma corte de Bruxelas contra a circulação da obra do falecido escritor belga Hergé, alegando que ela possui conteúdo racista. A decisão é de primeira instância e haverá apelação.
"O tribunal de Bruxelas considerou que a lei belga contra o racismo não pode ser aplicada caso não exista uma intenção discriminatória", afirmou Ahmed L'Hedim, advogado de Mondondo. Segundo o tribunal, "visto o contexto da época [1930], Hergé não poderia ter sido acusado de tal intenção", acrescentou ele. Mondondo considera a história ofensiva aos congoleses, afirmando que seu conteúdo faz "apologia da colonização e da supremacia da raça branca sobre a negra".
Como alternativa à proibição, ele havia proposto que cada revista tivesse um aviso ou uma explicação no prefácio sobre o contexto da época, como é o caso da edição britânica. Em sua argumentação, os advogados pediam que os editores "se colocassem no lugar de uma menina negra de sete anos que fosse descobrir esse livro ao lado de seus colegas na escola" e lesse alguns trechos no álbum que descreviam os negros congoleses como "preguiçosos, dóceis ou idiotas" e "incapazes de falarem francês corretamente".
A íntegra.

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