O assunto é paulistano, mas também é belo-horizontino, brasileiro, mundial. Pertinente.
Se a "grande" imprensa (Globo, Veja, Folha etc.) tivesse ainda a importância que teve e que os governantes do PT consideram que tem -- tanto que continuam despejando nela fabulosas verbas publicitárias e continuam falando para ela, como se assim seu discurso chegasse ao povo --, eles não estariam mais no poder, pois tudo que a meia dúzia de famílias controlam a comunicação no Brasil quer é derrubar Dilma, matar Lula, prender Dirceu -- não necessariamente nesta ordem.
Haddad, por sua idade e pelo cargo que ocupa, tem a oportunidade de liderar a renovação petista. Um dos caminhos para isso é revolucionar a comunicação, usando a internet e seus novos veículos.
Do blog Viomundo.
As críticas à política de comunicação do prefeito Haddad
Preso no mundo da hierarquia informativa
por Luiz Carlos Azenha
- Quais seriam os problemas com a comunicação?
- Não está sendo feita de forma adequada. A gestão Haddad não pode se fiar apenas nos meios tradicionais de comunicação achando que eles vão divulgar as políticas corretas da prefeitura. Muito pelo contrário. Eu vejo meios de comunicação que têm bastante penetração na sociedade paulistana e que eles sistematicamente criticam a prefeitura, mesmo nas questões em que ela está correta.
O que eu recomendaria ao Haddad, e tenho o poder de recomendar, é que ele troque essa equipe de comunicação. Porque essa equipe de comunicação foi desastrosa. Se eu tiver que dar uma nota ruim para a gestão Haddad eu daria justamente na comunicação. Sem comunicação você não vence a batalha política, sem comunicação você não vence inclusive a batalha administrativa. Hoje, se comunicar bem e interagir bem com a sociedade é um elemento de uma boa administração.
Falta ao governo municipal criar uma política própria de comunicação. E de diálogo com a sociedade. Não adianta você implementar uma política correta se você não dialoga com a sociedade. O governo Haddad está falhando em fazer uma verdadeira revolução no que tange a comunicação da prefeitura. Principalmente em um momento histórico como esse, em que existe uma crise de legitimidade dos políticos de modo geral. Falta à prefeitura uma política própria de comunicação, uma política aguerrida, arrojada, moderna, que leve em conta principalmente as redes sociais.
O trecho acima é de uma entrevista do sociólogo Aldo Fornazieri, que colaborou com o programa de governo de Fernando Haddad em 2012, à Rede Brasil Atual, reproduzida no GGN.
O problema a que ele se refere não é apenas de um governo, partido ou político brasileiro. É, acima de tudo, geracional.
Em maio de 68 tivemos uma explosão estudantil que pegou os mais velhos de surpresa. Uma revolta movida por ideias que haviam passado a circular através do embrião de um mercado fonográfico globalizado e do impacto de novas tecnologias de informação que pela primeira vez conectavam o planeta, como a televisão.
O século 21 é o da informação instantânea, multidirecionada, horizontal. Aos poucos, as hierarquias que herdamos da sociedade industrial estão ruindo, assim como as jornadas de trabalho com horário fixo. A comunicação assim o permite.
A íntegra.