sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Notícias da Folha ou a subversão do jornalismo

As notícias são ótimas: o desemprego nunca foi tão pequeno e está havendo distribuição de renda no Brasil! Mas a Folha as transforma em más notícias: o aumento da renda dos trabalhadores "come o lucro" das empresas e o desemprego é pequeno porque as empresas boazinhas não querem demitir! Só rindo.
Para dizer que a notícia é rum, quem a Folha entrevista? A Confederação Nacional da Indústria, ou seja a entidade dos empresários. Dessa forma, o jornal mostra a quem serve.
Está praticamente todo mundo empregado no Brasil, enquanto em outros países o desemprego está em 20% e até 50%, conforme a idade, mas a Folha enfatiza que o emprego já não cresce como antes!
As informações em negrito são comemoradas por todos os democratas, todos os que querem justiça social, todos que são contra a miséria. Obviamente, a Folha não faz parte desses 99,99%, ela está preocupada com a queda do lucro...
Mas o que esperar de um jornal que ainda não aprendeu a usar o travessão?

Da Folha de S. Paulo.
Taxa de desemprego cai para 4,6% e retoma mínima histórica 
Pedro Soares

Apesar do menor ritmo da economia no terceiro trimestre, da freada do consumo e do crédito restrito, as empresas não lançaram mão ainda de demissões e a taxa de desemprego segue em níveis baixos.
Em novembro, o índice ficou em 4,6%, abaixo dos 5,2% de outubro, segundo dados divulgados pelo IBGE na manhã desta quinta-feira(19). O resultado é o mais baixo para o mês e iguala a taxa de dezembro de 2012, a menor da série histórica do IBGE, iniciada em 2001.
Tradicionalmente, a taxa de desemprego declina nos últimos meses do ano, com a injeção de recursos na economia -- vindos, por exemplo, do 13º terceiro salário -- e a contratação de trabalhadores temporários no comércio e em alguns ramos de serviços e da indústria.
O emprego, porém, já não mostra o mesmo vigor de meses e anos anteriores e cresce numa intensidade mais moderada. De outubro para novembro, houve alta de apenas 0,1% no total de pessoas ocupadas nas seis maiores regiões metropolitanas do país, número que atingiu 23,293 milhões. Já em relação a novembro de 2012, o IBGE registrou recuo de 0,7%.
O total de pessoas em situação de desemprego (a procura de um trabalho) recuou 10,9% ante outubro e caiu 6,4% na comparação com novembro, atingindo um contingente de 1,131 milhão de pessoas.
A íntegra.

Da Folha de S. Paulo.
Renda maior do trabalhador come lucro
 
Ricardo Mioto

Embora o crescimento da economia esteja estagnado, a renda dos trabalhadores, especialmente dos mais pobres e desqualificados, sobe rapidamente no país.
Segundo os dados da Pnad 2012 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), a renda per capita média cresceu 8% no ano passado. Quem puxou esse crescimento foi o aumento na renda do trabalho -- ou seja, os salários. Eles foram responsáveis por 74% dessa subida.
Isso aconteceu justamente no ano do "PIBinho", quando a economia cresceu 0,9%.
Ou seja, o Brasil tem um aumento de salários que não corresponde a um aumento de produtividade -- as empresas estão comendo sua margem de lucro para bancar maiores remunerações.
Nas fábricas, por exemplo, segundo a Confederação Nacional da Indústria, entre 2001 e 2012, o salário real dos trabalhadores subiu 169%, em dólares. A produtividade, só 1%. Como aponta Flávio Castelo Branco, gerente-executivo da CNI, isso significa aumentos dos custos e causa prejuízos.
Quanto mais pobre o indivíduo, maior tem sido o crescimento da renda. Em 2012, entre os 10% mais pobres, a renda cresceu 14%. Entre os 5% mais pobres, 20%.
Também tiveram aumento de renda acima da média pessoas sem escolaridade (10%), com primário incompleto (9,4%) e nordestinos (11%).
A íntegra.