sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Manifestações durante a Copa 2014

Essa BBC cada vez pior. Típico da "grande" imprensa: quer saber se haverá protestos durante a Copa, mas fica citando autoridades, intelectuais e empresários, em vez de procurar quem organiza os protestos -- só uma integrante do Movimento Passe Livre fala na matéria.
As manifestações de junho deste ano estavam sendo organizadas há vários anos. Além de entrevistar quem deve ser entrevistado, o repórter poderia falar sobre o que a população reivindica, mas só fala dos interesses da Fifa, dos patrocinadores etc. Nem mesmo as ações do governo desde junho são mostradas.
Matéria picareta de correspondente internacional que não sai à rua, faz tudo no escritório, chupando da internet e da TV, depois manda para a sede. É o que fazem os correspondentes da Globo em Nova York, por exemplo. O título teria de terminar mesmo com interrogação. A piada da reportagem é que ficamos sabendo que a Fifa tem um "assessor contra a corrupção".

Da BBC Brasil.
Mas afinal, haverá protestos na Copa? 
Gerardo Lissardy, do Rio de Janeiro para a BBC Mundo

Na reta final para a Copa 2014 no Brasil, uma incógnita ainda parece preocupar tanto turistas quanto autoridades, organizadores e até patrocinadores: a onda de protestos que varreu o país desde junho vai se repetir?
Autoridades brasileiras e a Fifa têm avaliações diferentes sobre a possibilidade de que os protestos, que reuniram mais de um milhão de pessoas neste ano e colocaram em dúvida a realização da Copa das Confederações, venham a se repetir.
O secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, pediu à população brasileira que apóie a organização do mundial – diante do risco de descontentamento social com os gastos multimilionários necessários à realização do torneio.
"É um direito se manifestar", disse Valcke à BBC antes do sorteio da semana passada. "Para eles esse é o melhor momento (para protestar). Para mim, esse é o momento errado".
Membros do governo Dilma Rousseff dizem não saber o que ocorrerá nas ruas durante a Copa.
"Se teremos o mesmo tipo de protestos na Copa do Mundo? Nunca se sabe", disse à Reuters TV o secretário executivo do Ministério dos Esportes, Luis Fernandes.
"Mas a minha impressão é a de que a paixão pelo futebol prevalecerá, porque este é o país do futebol".
Porém, as autoridades planejam medidas especiais de segurança para tentar garantir a realização do torneio em meio a uma eventual revolta social – que analistas consideram bastante plausível.
"Existe um clima latente de insatisfação que vai gerar protestos. E a Copa do Mundo é um momento que suscitará protestos", disse à BBC Mundo Aldo Fornazieri, diretor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo.
"Os movimentos sociais estão discutindo como reagir", disse Mayara Vivian, uma das integrantes do Movimento Passe Livre, grupo que organizou parte das manifestações no meio do ano contra as tarifas do transporte público.
"A Copa encarna toda a vontade política do poder público de priorizar a lógica de uma cidade como mercadoria. Vão privilegiar setores bem específicos e não os setores populares."
Os protestos contra a Copa também se tornaram um fator de preocupação para os patrocinadores que investiram milhões para que suas marcas ganhem visibilidade no torneio – verbas essenciais para a Fifa.
A experiência da Copa das Confederações mostrou aos patrocinadores que a aposta pode ser arriscada, afirmou em outubro Mark Pieth, assessor da Fifa contra a corrupção.
"Creio que pela primeira vez no Brasil eles se deram conta de que comprar o evento pode também se tornar uma desvantagem... se seu nome for associado com uma revolta popular o tempo todo na televisão", afirmou.
O portal de esportes ESPN informou em setembro que dois patrocinadores do mundial, o banco Itaú e a gigante de bebidas e alimentos Ambev pediram à presidente que o governo evite que as manifestações afetem o torneio.
Ao apresentar o sorteio dos grupos na sexta-feira passada, Dilma falou sobre a importância da Copa do Mundo: "O Brasil está muito feliz em receber a todos nessa Copa porque somos um povo alegre e acolhedor'. Sônia Fleury, doutora em ciência política e coordenadora de estudos sobre a esfera pública na Fundação Getúlio Vargas afirmou que "as pessoas vão receber bem os estrangeiros, mas isso não quer dizer que não vão se manifestar".
Ela afirmou que a atuação dos radicais black blocs, que entraram em confronto com a polícia, podem ter afastado muitas pessoas dos protestos.
A íntegra.