Da Retrato do Brasil.
Existiria uma alma gêmea para nosso planeta?
por Flávio de Carvalho Serpa
Quem somos, de onde viemos e para onde vamos? Estamos sós no universo? Essas indagações que ecoam ao longo de milhares de anos da civilização ganharam agora respostas originais no livro Five billion years of solitude (Cinco bilhões de anos de solidão), do jornalista especializado em ciências Lee Billings. Justificando o título, o planeta Terra tem uma idade geológica estimada de 4,6 bilhões de anos. A vida mais primitiva, na forma de células capazes de se replicarem, brotou há 4,5 bilhões de anos, pouco mais de 100 milhões de anos depois do planeta esfriar e ganhar oceanos. A atmosfera com oxigênio abundante tem perto de dois bilhões de anos. A vida animal, somente meio bilhão de anos. A vida inteligente dos humanos, pouco mais de 100 mil anos. Temos ainda pela frente, calculam os astrofísicos, mais meio bilhão de anos de prorrogação, antes de um Sol moribundo expandir-se a ponto de engolfar na sua fornalha nosso planeta.
Somando então os 4,5 bilhões de anos de atividades orgânicas até agora ao meio bilhão de anos esperados do futuro, são cinco bilhões de anos. Essa é a janela temporal da vida no planeta e, profetiza Billings, possivelmente no cosmo inteiro. A menos que nos próximos 500 milhões de anos a engenhosidade humana encontre uma forma de viajar até as estrelas e seus planetas, terão sido cinco bilhões de anos de solidão.
O livro de Billings não é apenas mais um sobre a história do planeta Terra e da busca por outros planetas habitáveis. É também uma reportagem sobre os humanos que ao longo dos séculos dedicaram suas vidas a especular sobre a solidão cósmica e a sonhar com um final feliz para a humanidade. O autor alterna a narrativa entre cataclismos geológicos que sacudiram o planeta e a vida que levam esses pensadores e cientistas que oscilam entre a distopia e a utopia, numa atividade também meio solitária e discreta, longe das atenções do grande público.
A íntegra.