11 de setembro foi terrível, como é terrível todo ato de terror. Como as bombas atômicas que os EUA jogaram em Hiroshima e Nagasaki. Como as bombas incendiárias lançadas no Vietnã. Como os bombardeios no Iraque. Como todos os ataques que o grande irmão do Norte promove desde que se tornou o guardião mundial do capitalismo. A novidade em relação ao terrorismo de 11 de setembro foi que pela primeira vez os EUA foram atacados no seu território. Nos territórios alheios os EUA promovem 11 de setembro há muito tempo – inclusive no dia 11 de setembro de 1973, quando seu pau mandado general Pinochet bombardeou o Palácio de La Moñeda e matou o presidente Allende, no mais sangrento golpe da história da América Latina, que até hoje tem consequências sobre o povo chileno, como se pode ver na luta dos estudantes pela educação pública de qualidade para todos. A reportagem abaixo mostra como o 11 de setembro de 2001 serviu de desculpa para o Estado americano intensificar seu terrorismo, inclusive contra a própria população do país. E o governo Obama – decepção – não é diferente do governo Bush, mantém campos de concentração e a prática da tortura. Considerando-se em "guerra contra o terror", os EUA espionam e prendem qualquer suspeito em qualquer parte do mundo, coisa que jamais existiu antes na história. Na época da guerra fria, pelo menos havia outra nação fazendo a mesma coisa, o que equilibrava um pouco as coisas e concentrava a perseguição aos "comunistas". Atualmente, qualquer um que desagrade o governo americano pode ser considerado inimigo dos EUA e perseguido como terrorista. Os EUA não são mais os mesmos. Sob o domínio do neoliberalismo, aboliram os valores liberais que os tornaram a pátria da liberdade. A coisa é tão feia que me lembra o filme O Grande Ditador, de Chaplin, o trecho final, em que o barbeiro, passando-se pelo ditador, faz seu discurso em defesa da liberdade, conclamando o mundo a resistir. Hoje sabemos o que aconteceu, mas quando Chaplin fez o filme, 1940, Hitler estava no auge do seu poder e o domínio do nazifascismo parecia irresistível. Obama perdeu a chance de fazer um discurso como o de Chaplin.
Da Agência Carta Maior.
"Washington promoveu uma Operação Condor mundial" Nos 10 anos transcorridos desde os atentados do 11 de setembro, Washington desencadeou uma "Operação Condor estadunidense" em escala global, promovendo guerras contra vários países, supressão da dissidência interna, espionagem doméstica e anulação de garantias constitucionais, liberdades civis e direitos humanos, resume o advogado de direitos constitucionais Michael Ratner. Os EUA mudaram de uma maneira fundamental desde o 11 de setembro. Jamais teria previsto isso, diz Ratner em entrevista ao La Jornada para abordar o décimo aniversários dos atentados e seus efeitos sobre as liberdades e direitos nos Estados Unidos. O presidente do Centro para Direitos Constitucionais (CCR) e reconhecido advogado internacional por enfrentar casos de violações de direitos humanos e de liberdades civis por parte do governo dos EUA em tribunais estrangeiros e nacionais, incluindo a Suprema Corte, afirma: "O próprio caráter do país mudou com as pessoas comuns aceitando as violações de suas liberdades pelo governo, as violações do direito internacional e da nossa própria Constituição. Aceitaram também que o governo pudesse espionar qualquer um sem autorização judicial, tudo sob a justificação oficial da 'guerra contra o terrorismo'. Jamais teria antecipado tudo isso antes do 11 de setembro". Ratner acrescenta de modo incisivo: culpo George W. Bush por impulsionar tudo isso, mas também culpo Barack Obama por continuar todo o processo.