A fonte é insuspeita: a emissora oficial da fifa, da cbf e do neoliberalismo. Pois até a Globo reconhece que a copa do mundo é um conto do vigário. As orgias do capital seguem sempre o mesmo modelo: antes, são absolutamente imprescindíveis, repletas de vantagens para os governos e os povos, verdadeiros presentes que os bondosos empresários dão aos países pobres, com seus investimentos maravilhosos. A velha imprensa faz a divulgação, com estardalhaço, sempre apresentando o ponto de vista do capital como coisa séria e os contestadores como gente ignorantes, radicais a fim de atrapalhar a festa. Quando o circo é desmontado, vai todo mundo embora, deixando a sujeira, os estragos e as contas para trás. A imprensa acompanha o circo e vai falar de outros assuntos, ninguém mais se importa com a rotina dos pobres. O serviço está feito, como manda o modelo capitalista: lucro privado, prejuízo socializado. Esta matéria deve ter escapado à autocensura do veículo, pois mostra a realidade que a Globo se esforça para esconder, ignorando ou distorcendo.
Do Globoesporte.com.
Um ano depois da Copa, estádios da África do Sul amargam prejuízo
Cidade do Cabo, África do Sul
Nem tudo é motivo de comemoração na África do Sul um ano depois da realização da Copa do Mundo. A começar pela utilização do estádio Green Point, que fica na Cidade do Cabo e recebeu oito jogos no Mundial, incluindo uma semifinal. Apesar de receber turistas até hoje, ninguém quer usá-lo. Com capacidade para 58 mil pessoas e vista deslumbrante, o local só foi lembrado para 12 eventos. A empresa francesa que seria responsável pela administração depois da Copa desistiu. Viu que o negócio era prejuízo certo. No dia primeiro de janeiro de 2011, a prefeitura assumiu o comando. Uma votação na Câmera (sic) de Vereadores determinou o destino do estádio. Acredite: uma das propostas era botá-lo abaixo. Optou-se pelo bom-senso. Pelos próximos três anos, o estádio será de responsabilidade do poder público municipal. Sendo assim, Lesley de Reuck ganhou um dos empregos mais difíceis da África do Sul hoje. Ele tem a missão de fazer desse elefante branco algo lucrativo. "Derrubar o estádio é uma ideia louca. Isso custou caro. E é um lugar único. Haverá solução. Estamos contratando profissionais pra isso", explicou o administrador. Mesmo sem uso, o governo sul-africano gasta com manutenção do gramado e do teto. Todo mês, dezenas de funcionários têm que limpá-lo. O curioso é que a Cidade do Cabo abriga um dos maiores times de rugby do mundo: o Stomers, que se recusa a jogar no Estádio Green Point. O clube dispõe de um campo próprio, para 50 mil pessoas, e lucra muito com a venda de camarotes a cada temporada. O pior é que histórias assim se repetem em outros estádios construídos para a Copa. Dos dez palcos do Mundial, só metade tem recebido jogos. A Copa passou, mas o prejuízo para os cofres públicos ficou.
A íntegra.