Capa da revista Viver Brasil diz que a publicação foi censurada. Dentro, a matéria repete as acusações contra o prefeito de Nova Lima, Carlos Rodrigues (PT), motivo da decisão da Justiça que mandou recolher exemplares das bancas daquela cidade. Como escrevi aqui, a decisão judicial não prejudicou a revista; agora vê-se que lhe trouxe benefícios, tornando-a conhecida nacionalmente. É um jogo de cartas marcadas que a velha imprensa de direita joga: denuncia governos de esquerda (nunca noticia denúncias que cercam as administrações que apóia, como Aécio-Anastasia, Lacerda), se eles reagem, acusa-os de censura, autoritarismo, democracia em risco etc. Compara a situação aos anos de ditadura militar, omitindo do leitor que apoiou o golpe e os governos militares -- naquela época a censura não a incomodava, mesmo porque publicava noticiário favorável à ditadura. Essa prática dos falsos democratas acompanhou todo o governo Lula, sem resultado prático; Lula, com sabedoria, deixou que ladrassem à vontade enquanto passava com a caravana, pois a "democracia" que essa gente alardeia prevê eleição e vitória do candidato escolhido pela maioria, maioria que vem do povo mais pobre, em geral beneficiado pelos governos de esquerda e eleitor destes. É quando essa gente passa a pregar abertamente o golpe, como aconteceu em 64. Não nos enganemos: para esse gente, democracia e liberdade de imprensa significam "democracia para nós", "liberdade de imprensa para nós". Se a justiça "censurasse" uma publicação de esquerda, eles nada diriam. Mais que isso: certamente a apoiariam, alardeando a importância de se obedecer à justiça como princípio básico do estado de direito.
PS: O editorial da referida revista confirma o que escrevi aqui ao dizer que a publicação foi criada para "servir ao mercado anunciante." É isso, a velha imprensa impressa é, no Brasil, acima de tudo um negócio, sem princípios, exceto o princípio do lucro.