De como usando a desculpa do terror os EUA impuseram o pensamento único e os "grandes" veículos da imprensa mundial aderiram com entusiasmo. O inglês The Guardian foi uma exceção e denuncia como muita gente morreu numa guerra inventada pelo "grande irmão do Norte", que já dura dez anos.
Editor de jornal britânico responde a dez anos de críticas por questionar a guerra ao terror
Há cerca de um mês, o jornal britânico The Guardian foi um dos que procuraram fazer uma cobertura mais analítica e menos simplista da onda de violência que durante quatro dias quebrou e saqueou lojas e prédios de Londres e de outras cidades do interior do Reino Unido. Na semana do décimo aniversário dos atentados às Torres Gêmeas em Nova York, o jornal publica um artigo de Seulmas Milne, que era colunista de opinião naquele setembro de 2001, em resposta a todas as críticas que o Guardian sofreu desde então por sua postura questionadora e não-conformista. Vale um belo paralelo com o que vemos no Brasil, em mais de um sentido. Seumas Milne diz que houve uma reação uníssona ao fatídico dia. Não apenas todos os veículos de imprensa falavam a mesma coisa, mas repetia o que dizia o governo e o que o governo queria que eles dissessem. Só havia, por essa perspectiva, uma explicação e uma reação possível, a guerra ao terror. Aí cabe o primeiro paralelo, bastante evidente. Discurso único, mesmice jornalística. Mesma pauta, mesma abordagem sobre praticamente qualquer tema. A concorrência fica apenas em pontos isolados: quem implementa mudanças tecnológicas primeiro, quem tem a melhor impressão, o melhor saite, a maior quantidade de notícias, quem consegue um furo – coisa cada vez mais rara no jornalismo –, ainda que essa notícia, se dada por qualquer outro veículo, tivesse a mesma abordagem. O Guardian, pelo que afirma Milne, fugiu à regra. E por ter permitido que seus colunistas relacionassem os ataques à política americana ao redor do mundo foi tratado como uma ameaça, por anti-americanismo.