quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O partido do governo, o partido do capital, o partido dos trabalhadores

O PT precisa ser mais estudado. Ele é o grande partido desse novo período histórico brasileiro. Seria melhor chamado de partido do capital, porque assumiu a missão de reorganizar o capitalismo no Brasil, coisa que os tucanos não conseguiram, muito menos os herdeiros da ditadura PMDB e Democratas (ex-pefelê, ex-PDS, ex-Arena). Um partido que administra o capitalismo não pode ser chamado de partido dos trabalhadores, mas essa função que o PT assume não é nova, foi assumida em outros países por outros partidos – socialistas, social-democratas e trabalhistas, na Europa, e até pelos comunistas, na China. Enquanto o sistema for capitalista, os partidos no governo serão capitalistas. Todo partido que administra a ordem capitalista é um partido capitalista. O que os diferencia é a sensibilidade aos sofrimentos das massas populares, dos trabalhadores, dos despossuídos, dos marginalizados. Neoliberais não têm nenhuma, dizem que o deus mercado vai resolver todos os problemas sociais, mas nem eles acreditam nisso. Partidos de esquerda atribuem papel ao Estado e a políticas de amparo social. Isso os torna, em geral, mais aptos ao voto popular. Durante a ditadura, o capital não precisava do voto popular, a partir de 1989 passou a precisar. O capital mantém o controle sobre os meios de comunicação, além dos meios de produção; mantém a hegemonia na formação das mentes individualistas, que acreditam na ascensão social, na competição, nas oportunidades, e assim sobrevive, mas perdeu o controle do Estado, com a ascensão do PT. Lula e o PT fizeram acordos com o capital e implantam políticas que favorecem o lucro, com grandes obras, juros altos, favorecimento do agronegócio. E assim capital e petistas se acomodam no poder. O PT não quer destruir o capitalismo e o capital já percebeu que a distribuição de renda com crescimento aumenta o consumo e o lucro. Exatamente como foi que o PT, um partido formado por operários, igreja reformista e esquerda com passado revolucionário, se tornou o novo partido da ordem é o que precisa ser melhor conhecido. Os acontecimentos que fizeram de Lula e seus companheiros uma nova elite política dominante, favorecendo uma nova fase capitalista no Brasil, que, tudo indica, vai durar muito tempo ainda, pertencem já à história e merecem estudo. O PT revela muito mais competência do que seu antecessor, o PTB, e Lula demonstrou qualidades conciliadoras que Getúlio não teve. O PT ocupou todo o espaço à esquerda, conquistou o centro e empurrou a direita para um gueto. Não sem praticar métodos da direita, como a filiação em massa às vésperas de eleições internas, como aconteceu em Belo Horizonte e possibilitou ao então prefeito Pimentel entregar a prefeitura a um amigo do então governador Aécio. Não à toa o assunto parece ser a única polêmica do IV congresso do partido. "Estamos tranquilos. Em primeiro lugar, porque tomamos juízo. Em segundo, porque adquirimos maturidade. Em terceiro, porque somos o principal partido da base do governo e o mundo endoidou. Precisamos preservar o governo para enfrentar essa crise mundial", diz o deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP) no artigo abaixo. "O PT e o governo não têm conflito. O que vem sendo implementado pelo governo Dilma vem ao encontro de um governo do PT. O PT está no governo e o governo está bem. Agora, com a inflexão dos juros, a afinidade ainda é maior", emenda o líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP).

Da Agência Carta Maior.
PT realiza IV Congresso Nacional unido e sem disposição para brigas
Maria Inês Nassif
Mais do que produzir grandes manchetes, o IV Congresso Nacional do PT, que o partido realiza em Brasília no fim de semana, deve revelar uma grande festa, repleta de delegações internacionais. Não há grande interesse em expor divergências partidárias para o grande público durante o encontro dos 1,3 mil delegados. Com o partido dominado por uma aliança entre as duas maiores facções – Construindo um Novo Brasil (CNB) e Mensagem ao Partido –, o Congresso deverá ter como grande marco decisório, de fato, a plenária nacional da CNB, que se reúne nesta sexta-feira (2/9) a partir das 10h. "Há uma desproporporção do grupão formado pelo CNB e pela Mensagem", reconhece um dos integrantes da primeira. Os setores mais à esquerda deixaram o partido no passado e constituíram o PSTU e o PSol. Um dos pequenos grupos remanescentes, a Articulação de Esquerda, cuja maior liderança era Valter Pomar, rachou há cerca de um mês. Metade seguiu para o campo majoritário. Pomar permaneceu no antigo grupo, menor do que já era. Qualquer decisão tomada na plenária da CNB ditará, portanto, os rumos do Congresso geral. E mostrará para onde se inclinará a maioria dos 1.350 delegados do partido, eleitos no último Processo de Eleição Direta (PED), em 2009.
A íntegra.