Rotineiramente vemos a "justiça" servindo os poderosos, mas não é sempre assim. Esta reportagem do Estadão mostra o que acontece com juízes brasileiros que honram a função que têm.
A rotina de quem vive sob ameaça
Sob impacto do assassinato no Rio da juíza Patrícia Lourival Acioli, juízes e desembargadores contam o que significa ter seus nomes em listas de bandidos simplesmente porque cumprem a lei
Cida Alves e William Cardoso - O Estado de S. Paulo, 13 de agosto de 2011
Eles guardam os direitos dos brasileiros, mas, na
prática, vivem como presos de cadeias de segurança máxima, sob
vigilância 24 horas. Não podem jantar na casa de amigos nem se encontrar
com os filhos em locais públicos. Dormem cercados por agentes federais e
precisam de escolta até pra correr na praia ou viajar com a mulher.
Ameaçados de morte pelo crime organizado, pelo menos 69 juízes e
desembargadores perderam o direito de ter uma vida normal. E, sob
impacto do assassinato no Rio da juíza Patrícia Lourival Acioli, na
noite de quinta-feira, alguns deles contaram ao Estado o que significa ter seus nomes em listas de bandidos simplesmente porque cumprem a lei. "Coleciono várias ameaças, com registro, tudo documentado. Agora o
que mais me amedronta são os planos que vão sendo revelados, que a
polícia vai descobrindo ao longo da vida da gente. Eu me pergunto: ‘como
é que escapei dessa?’ Já passei por situações de risco iminente que só
descobri depois", conta o juiz Odilon de Oliveira, da 3.ª Vara da
Justiça Federal, em Campo Grande. A reportagem também encontrou casos de
magistrados "condenados" a mudar sua rotina em São Paulo, Mato Grosso,
Amazonas e Alagoas.Além dos 69 magistrados ameaçados de morte, o País tem hoje,
segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 13 juízes ou
desembargadores em situação de risco. Mas esse levantamento é parcial -
faltam dados de seis Estados, incluindo São Paulo e Minas. E, embora já
tivesse recebido várias ameaças, a juíza assassinada no Rio não fazia
atualmente parte da relação oficial do CNJ.
A íntegra.