Além de grande ator, Eduardo Moreira se tornou um bom escritor.
Do saite do Galpão.
Notas dispersas da viagem de reestreia de "Romeu e Julieta"
por Eduardo Moreira, 29 de maio, 2012, 10:50
Onze horas numa lata de sardinha. Esse deveria ser o título do deslocamento do aeroporto de Guarulhos a Heathrow. Apesar da simpatia e da gentileza da equipe de bordo da TAM, é como estivéssemos numa solitária, pagando por alguma infração cometida contra as regras de um presídio. Para passar o tempo, temos à nossa disposição uma seleção de filmes. O mais incrível é que, no meio de quase trinta filmes, existe apenas um brasileiro. Isso mesmo, uma empresa brasileira de aviação, oferece entre os seus títulos um único e solitário filme brasileiro. O ótimo "Palhaço" dirigido e estrelado pelo Selton Mello, com as participações luxuosas dos nossos Paulo José e Teuda Bara. De resto, uma porção de baboseiras e blockbusters americanos. Será que a TAM não podia apresentar aos estrangeiros e mesmo à patuléia tupiniquim que vai gastar seus cobres no estrangeiro, uma boa seleção de filmes brasileiros?
O cronograma de montagem e de apresentações no Shakespeare's Globe é apertadíssimo. Eles sempre nos lembram que estamos dentro de uma programação de 37 peças apresentadas por 37 grupos de 37 línguas e países diferentes. Apesar do stress e da tensão, somos recebidos pela simpática portenha inglêsa Malu Ansaldo com alegria e educação.
Chegamos em Londres às três horas PM e já às 6 estamos nos reunindo no saguão de entrada do Globe para fechar detalhes da montagem do cenário e da agenda dos ensaios. Como nos Estados Unidos, aqui ator não pode pegar num martelo ou num grampeador. Como temos que decorar o carro, ficamos combinados que isso será feito pelos atores mas sempre com a companhia de um técnico. Amanhã, sexta-feira, teremos o dia para acertar detalhes do cenário, fazer ensaios com as pernas-de-pau para sentir a diferença de altura do cenário e decorar o carro com cortinas e adesivos de flores.
A íntegra.