quinta-feira, 17 de maio de 2012

Universitários de Santo André destroem "Muro de Berlim" em campus universitário

Construído pela reitoria durante as férias, o muro impedia acesso ao "território livre" do centro acadêmico. Reitor também instalou câmaras de vigilância e segurança particular, incapaz, no entanto, de conter o protesto bem organizado dos estudantes, que usaram máscaras para não serem identificados e punidos. Punição a estudantes naquela faculdade é comum: bolsista, por exemplo, não pode participar do movimento estudantil. Ao que parece, lá, o famigerado decreto-lei 477 da ditadura militar continua em vigor. Cidades e estados brasileiros governados por tucanos e "democratas" estão se tornando palco de ações fascistoides como esta. A atual reitoria da USP pratica todo tipo de arbitrariedade contra estudantes, inclusive uso da PM, como não se viu nem na época da ditadura (durante o regime militar, a PM invadia os campi contra a vontade dos reitores). As universidades brasileiras atualmente investem mais em segurança do que em qualidade de ensino, os campi parecem campos de concentração, como de resto todas as partes da cidade, onde vivemos atrás de grades, vigiados 24 horas por dia, movendo-nos em espaços públicos privatizados. Hoje como ontem, dentro de fora dos campi, os estudantes resistem às tropas de choque do autoritarismo e ao fascismo. Acrescento, mais abaixo, notícia sobre a condenação da ex-estudante de direito que recomendou no twitter a morte de nordestinos em São Paulo. O caso faz parte do mesmo clima fascista; o fascismo é assim, cresce como uma onda quando não é combativo precocemente.

Do ABCD Maior.
Estudantes derrubam muro da Fafil 
Por Caio Luiz
Às 21h da terça-feira (15/5), aproximadamente 40 estudantes de vários cursos da Fafil (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Fundação Santo André) derrubaram quase que totalmente um muro que os impedia de entrar na antiga sede do Diretório Acadêmico Honestino Guimarães. De acordo com alunos participantes da ação, o muro foi erguido arbitrariamente ao longo das férias de fim de ano e sem aviso prévio. Conforme informou um dos alunos não identificados, a revolta é uma resposta às atitudes da Reitoria, contrária ao movimento estudantil dentro da Fafil.
As principais reivindicações são o restabelecimento do diretório no local antigo, a remoção das câmaras de vigilância dentro do prédio, o recuo no aumento de 18% das mensalidades e o fim da precarização dos cursos de licenciatura da Fafil. Durante o protesto, alunos pediam a remoção das suspensões aplicadas a estudantes que entraram no diretório acadêmico no início do semestre para retirar o material que o ocupava. "Alguns dos suspensos nem vieram às aulas no sábado em que aconteceu a invasão e há casos de alunos que tiveram bolsas de estudo revogadas por serem do movimento estudantil", alegou M. A privatização do estacionamento e a criação de catracas para regular a entrada na instituição também foram apontados como incentivos para o protesto. "Estudantes com mensalidades atrasadas vêm sendo impedidos de entrar."
Assim que o sinal do intervalo soou, uma banda começou a fazer uma apresentação que aparentemente serviu de distração para a chegada do grupo que vestia máscaras do atual reitor, o professor Oduvaldo Caccalano. Enquanto metade dos envolvidos fazia uma barreira humana, o restante desceu as escadas que levavam ao muro e marretaram os blocos de concreto por cerca de meia de hora. Mais máscaras foram distribuídas aos presentes e um dos protestantes desfilava vestido de rei. Pichações com frases de protesto e desenhos foram feitos.
Ao todo, nove seguranças da empresa privada Master Security foram acionados para tentar impedir a ação. No entanto, em meio a discussões e empurrões, os seguranças não puderam inviabilizar a destruição da parede. "Segundo o que dizem, eles depredaram o muro porque o espaço era deles", disse o responsável pela segurança, João Carlos. A Polícia Militar foi acionada e nove homens da corporação foram até o local, porém chegaram mais de 20 minutos depois da queda do muro. Curiosos cercaram o foco da ação, muitos apoiaram e até integraram o movimento.
A íntegra.

Da CartaCapital.
MPF vai recorrer de sentença contra estudante
Jovem foi condenada por mensagem contra nordestinos no Twitter, mas MPF considerou pena insuficiente
O Ministério Público Federal anunciou nesta quinta-feira 17 que vai recorrer da decisão da Justiça Federal de São Paulo em condenar a estudante universitária Mayara Penteado Petruso a 1 ano, cinco meses e 15 dias de prisão por uma mensagem incitando à violência contra nordestinos postada em sua conta no Twitter. Para o órgão, a pena – convertida em serviço comunitário e multa – é insuficiente.
Petruso postou em 31 de outubro de 2010 a mensagem: "Nordestisto (sic) não é gente. Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado!" Ela se referia ao resultado da eleição à presidência da República, na qual José Serra foi derrotado por Dilma Roussef, segundo a estudante, pela votação de eleitores nordestinos. À epoca, a jovem cursava o primeiro ano de Direito e estagiava em escritório de advocacia renomado. Após o ocorrido, perdeu o emprego, abandonou a faculdade e mudou-se de São Paulo por medo de represálias. A sentencia da juíza federal Mônica Aparecida Bonavina Camargo, da 9ª Vara Federal Criminal, ficou abaixo do mínimo legal de dois a cinco anos por considerar que a acusada já havia sofrido consequências morais por sua atitude.
A jovem disse não ser preconceituosa e não ter a intenção de ofender, além de estar envergonhada e arrependida. "[Petruso] pode não ser preconceituosa; aliás, acredita-se que não o seja. O problema é que fez um comentário preconceituoso. Naquele momento a acusada imputou o insucesso eleitoral (sob a ótica do seu voto) a pessoas de uma determinada origem. A palavra tem grande poder, externando um pensamento ou um sentimento e produz muito efeito, como se vê no caso em tela, em que milhares de mensagens ecoaram a frase da acusada", ressalta Camargo.
A juíza rejeitou a alegação de que a expressão da acusada era uma posição política, alegando que as frases da jovem iam "além do que seria politicamente incorreto, recordando-se que o 'politicamente correto' geralmente é mencionado no que toca ao humor, hipótese de que não se cuida nesta ação penal".
A íntegra.