quinta-feira, 10 de maio de 2012

Estádios da Copa: superfaturamento e inflação escandalosa

O Mineirão é um dos que chamam atenção. Não há nada de novo nisso, a não ser a notícia do Uol (por sinal muito respeitosa com a construtora Andrade Gutierrez), o parecer do TCU e a decisão do BNDES. Que a copa do mundo é movida por corrupção e que é na construção de estádios que a Fifa mais ganha, todos sabemos, pelos menos desde a copa da África do Sul. Jornalistas sérios denunciam isso faz tempo e os dirigentes da Fifa brasileiros estão sendo investigados. No entanto, os governos Lula-Dilma tocaram o barco em frente, distribuindo farto dinheiro público para empreiteiras derrubarem e levantarem 12 estádios!
O total de dinheiro público gasto até agora chega a R$ 7 bilhões, R$ 1 bilhão acima do previsto. Imagina isso investido em educação. Mas educação não é prioridade para o capital, a copa é...
Todos os estádios (exceto o Fonte Nova, na Bahia) estão ficando mais caros do que o previsto, em alguns casos muito mais caros. Alguns casos chamam atenção: o Beira-Rio, em Porto Alegre, já está 130% mais caro do que o previsto (passou de R$ 143 milhões para R$ 330 milhões). A Arena da Baixada, no Paraná, superou em 55% a previsão (de R$ 151 milhões passou a R$ 234 milhões). E o Mineirão, que ia custar R$ 456 milhões, já está em R$ 695 milhões (52% mais caro). Para efeito de comparação, o Vivaldão, onde o TCU encontrou superfaturamento, está ficando "só" 16% mais caro do que o previsto. Podemos imaginar o superfaturamento nesses estádios cujo preço atualizado já ultrapassou tanto a previsão inicial.
O polêmico Itaquerão, em São Paulo, já está em quase R$ 900 milhões, é o mais caro dos 12 estádios. Note-se ainda que não está computado na relação o Independência, cuja reforma ultrapassou R$ 100 milhões.

Do UOL, em São Paulo 
Amazonas e BNDES cortam pagamento a empreiteira por superfaturamento de R$ 86 mi
Vinícius Segalla, 10/5/2012 
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) não vai repassar mais nenhuma parcela do empréstimo de R$ 400 milhões concedido ao governo do Amazonas para a construção da Arena Amazônia em Manaus, capital do estado, até que a empreiteira Andrade Gutierrez explique por que o TCU (Tribunal de Contas da União) encontrou um superfaturamento de R$ 86 milhões nas contas da obra, atualmente orçada em R$ 618 milhões. Até agora, só 20% do empréstimo foi liberado. A decisão do banco foi tomada nesta semana, após o recebimento de um relatório do órgão federal que aponta o sobrepreço na obra, executada pela empreiteira Andrade Gutierrez e bancada pelos cofres amazonenses. O estado do Amazonas, por sua vez, concordou com o entendimento do tribunal. (...) O relatório do TCU é de se fazer pensar. Ele aponta, a título de comparação, que o preço contratado do duto para a obra de reforma do edifício do TCU é de R$ 22,49/kg. Já na obra da Andrade Gutierrez em Manaus, não sai por menos que R$ 80,82/kg. Por outro lado, o maior preço verificado nos estádios da Copa, excetuando a Arena Amazônia, é de R$ 22,61/kg, no Estádio Nacional de Brasília (DF), que por sinal tem a Andrade Gutierrez como integrante do consórcio que executa as obras. Só neste item, o cálculo da corte de contas é de um sobrepreço de quase R$ 3 milhões. Também instiga a curiosidade do tribunal o fato de a empreiteira cobrar R$ 327,53 por metro cúbico de concreto demolido do antigo estádio do Vivaldão, que deu lugar à nova arena. Os técnicos do TCU calculam que este serviço tem um preço médio de mercado de R$ 79,48/m³.
A íntegra.
PREVISÕES OFICIAIS DE CUSTO DOS ESTÁDIOS DA COPA (EM R$ MILHÕES)
Estádio Em janeiro/2010 Em abril/2012
Arena Amazônia (AM) 533 618
Arena da Baixada (PR) 151 234
Arena Fonte Nova (BA) 592 592
Arena Pantanal (MT) 454 519
Arena Pernambuco (PE) 491 530
Beira-Rio (RS) 143 330
Castelão (CE) 452 623
Arena das Dunas (RN) 413 350
Estádio Nacional (DF) 702 800*
Itaquerão (SP) 820 890**
Maracanã (RJ) 705 808
Mineirão (MG) 456 695
Total 5.912 6.989
    Fonte: Ministério do Esporte
    * Previsão do governo do DF
    ** Segundo dados da Odebrecht, construtora do estádio