domingo, 27 de maio de 2012

Os assassinatos da ditadura argentina: a Igreja sabia

E ajudou a acobertá-los. Em liguagem criminal significa: foi cúmplice. Não foi a única vez que ela apoiou governos criminosos. Nunca é demais lembrar que é a mesma Igreja que posa de protetora da vida condenando a legalização do aborto.

Da Agência Carta Maior.
Igreja Católica admite que sabia de crimes da ditadura argentina
Horacio Verbitsky, do Página 12, de Buenos Aires
A Igreja Católica confirmou pela primeira vez perante a Justiça que, pelo menos desde 1978, sabia que a ditadura militar assassinava as pessoas detidas-desaparecidas, coisa que jamais tinha tornado pública, e que as suas máximas autoridades discutiram com o chefe supremo da ditadura a respeito de como administrar a informação sobre esses crimes. A admissão tardia produziu-se com o reconhecimento da autenticidade do documento publicado pelo Página/12 no dia 6 de maio último, sobre o diálogo secreto com o ditador Jorge Videla, de 10 de maio de 1978, depois de um almoço do qual participaram os três membros da Comissão Executiva que conduzia a instituição. Em que pese a gravidade das revelações, tanto o Episcopado como o Vaticano e a grande imprensa guardam um escandaloso silêncio a respeito. (...) Trinta e cinco anos depois, o encobrimento continua. Quando o jornalista espanhol Ricardo Angoso o entrevistou na prisão que o Serviço Penitenciário Federal mantém no Campo de Maio, Videla disse que "minha relação com a Igreja Católica foi excelente, muito cordial, sincera e aberta", porque ela "foi prudente", não criou problemas nem seguiu “a tendência esquerdista e terceiro-mundista” de outros Episcopados. Condenava "alguns excessos", mas "sem romper relações". Com Primatesta (cardeal Raúl Primatesta, arcebispo de Córdoba) até "chegamos a ser amigos". Nota-se.
A íntegra.