sexta-feira, 11 de maio de 2012

O fracasso do Minha Casa Minha Vida no Chile

Os governos Lula-Dilma são muito melhores do que os governos neoliberais Collor-FHC, mas quanto melhores? Em quanto não repetem fórmulas neoliberais com mais, digamos, sensibilidade social? O problema da moradia popular é o mesmo da escola pública de qualidade: não basta construir -- isso é bom para empreiteiras. Morar é muito mais do que ter um apartamento. A segregação em conjuntos habitacionais na periferia das grandes cidades é só um dos males desse modelo.

Do blog da Raquel Rolnik.
Eu sou você amanhã: a experiência chilena e o 'Minha Casa, Minha Vida'
(...) Este modelo praticamente pôs fim à produção informal de habitação no Chile e criou, ao longo do período, mais de um milhão de soluções habitacionais, transformando-se em grande referência de política habitacional, louvada por organismos e consultores internacionais. Hoje, no entanto, além das manifestações estudantis maciças denunciando a privatização da educação, que produziu um ensino caro e de baixa qualidade, o Chile vive o dilema do que fazer com os seus "com teto". As centenas de milhares de casas e apartamentos da supostamente exitosa política habitacional chilena produziram um território marcado por uma segregação profunda, onde o "lugar dos pobres" é uma periferia homogênea, de péssima qualidade urbanística e, muitas vezes, também, de péssima qualidade de construção, marcada ainda por sérios problemas sociais, como tráfico de drogas, violência doméstica, entre outros. Para se ter uma ideia, vários conjuntos habitacionais já foram demolidos (!) e muitos outros se encontram em estudo para demolição. Deixada para o mercado a decisão de onde e como deveria ser produzida, encarada como um produto que se compra individualmente, como um carro ou uma geladeira, a cidade que resultou é simplesmente desastrosa. Nada nos leva a supor, que, em menos de dez anos, não estaremos enfrentando no Brasil o mesmo cenário com o programa "Minha Casa, Minha Vida".
A íntegra.