A não ser que os dirigentes da Cemig estejam divergindo publicamente dos tucanos que os escolheram, é o que se deduz deste (bom) editorial do jornal do Hoje em Dia. A estatal controlada pelo governo mineiro está do lado de meia dúzia de empresas acionistas, contra os milhões de contribuintes e os interesses estratégicos do País.
Não é surpresa. Lembremos que no governo igualmente tucano de Eduardo Azeredo a estatal foi privatizada num "acordo de acionistas", situação revertida pelo governador Itamar Franco, eleito em seguida. Lembremos também que o governo tucano FHC aumentou as tarifas e levou o País ao apagão, por não investir em energia e privatizar o sistema.
Para dizer o que diz sem ofender os amigos Aécio e Anastasia, o jornal, obviamente, tem de atacar o governo Dilma. Sobre as ações eleitoreiras do prefeito Márcio Lacerda e a ajuda que o governador Anastasia lhe dá, nenhuma palavra. A mesma Cemig está nas ruas podando árvores, ação que também "tem forte apelo eleitoral", assim como furar a Praça Sete para as obras do metrô, para as quais durante quase quatro anos o prefeito nada fez.
A luta política hoje se dá na comunicação e os veículos da velha imprensa são as principais armas da direita. No noticiário e em propagandas pagas -- setor no qual os gastos dos governos neoliberais aumentam de forma impressionante -- contínuas, usando atores globais, a velha imprensa ataca o governo federal e o PT, ao mesmo tempo em que exalta os feitos dos governos demotucanos.
Lula e Dilma foram eleitos e governam apesar da intensa propaganda contrária. Aécio,
Anastasia e Lacerda foram eleitos e governam com intensa propaganda a favor. Esta é a diferença considerável entre eles. Qual seria nossa percepção dos governos Lacerda e Anastasia, se em vez de propaganda a favor eles tivessem propaganda contra?
Do Hoje em Dia
Cemig vai à guerra em defesa dos interesses dos acionistas
Não são favas contadas que os consumidores brasileiros vão pagar energia elétrica mais barata, tal como prometido por Dilma Rousseff quando faltavam apenas 26 dias das eleições de 7 de outubro. Como se sabe, a presidente se empenha por eleger pelos menos os candidatos petistas às prefeituras de Belo Horizonte e São Paulo, e a promessa tem forte apelo eleitoral. Porém, não foi bem recebida por uma das principais empresas de energia brasileiras. A declaração feita por um diretor da Cemig – "para defender os interesses dos acionistas, vamos até à guerra" –, em teleconferência com investidores, no dia seguinte à promessa de Dilma, sinaliza bem as dificuldades que vêm por aí.
A íntegra.