O governo Putin faz inveja a Stalin, a justiça russa faz sombra à brasileira.
Da Caros Amigos.
Mão de ferro de Putin já prendeu garotas da Pussy Riot e proibiu parada gay por 100 anos
Por Gabriela Moncau
Manifestações tomaram as ruas de Barcelona, Viena, Berlim, Hamburgo, Londres, Paris, Kiev, Oslo, Sydney, Nova Iorque, Buenos Aires, entre tantas outras. Os gorros coloridos utilizados pelas integrantes da banda punk Pussy Riot no protesto que deu origem às suas prisões viraram símbolo de resistência entre os manifestantes que declararam seu apoio às artistas feministas que fazem oposição ao primeiro-ministro russo Vladimir Putin. Centenas de pessoas protestaram também em Moscou contra a detenção de Nadejda Tolokonnikova, de 22 anos, Yekaterina Samoutsevitch, de 30, e Maria Alekhina, de 24. Até celebridades internacionais como Madonna, Sting e os membros de Red Hot Chili Peppers pediram publicamente a liberdade das mulheres. Não foi suficiente.
A condenação em primeira instância de dois anos de prisão em uma colônia penal, pelo crime de "vandalismo motivado por ódio religioso" saiu no dia 17 de agosto. Já estavam presas desde fevereiro enquanto aguardavam o julgamento e agora a expectativa de não permanecerem atrás das grades até 2014 reside no desenrolar do que acontecerá no dia 1 de outubro, quando aparecerão de novo à frente do tribunal de Moscou para a apreciação de seu recurso. Os advogados de defesa esperam que o tempo de pena possa ser reduzido.
"Considerando a natureza e o grau do perigo representado por aquilo que foi feito, as rés só podem ser corrigidas por meio de uma punição real", argumentou Marina Syrova, a juíza responsável pelo caso, no dia da condenação. O “aquilo que foi feito” a que Syrova se refere é quando em 21 de fevereiro, cinco mulheres encapuzadas da banda Pussy Riot entram na catedral ortodoxa Cristo Redentor em Moscou, sobem no altar (onde segundo a tradição só homens podem pisar), e cantam uma espécie de oração de protesto, "Virgem Maria, expulse Putin", criticando o apoio dado pelo patriarca Kirill – mais alto cargo da religião cristã-ortodoxa – ao presidente russo nas eleições. "Usar palavrões numa igreja é um abuso contra Deus", justificou o promotor Alexei Nikiforov, para quem o ato nada teve a ver com um protesto político.
Violetta Volkova, uma das advogadas das integrantes da Pussy Riot, denunciou que comida e horas de sono adequado estavam sendo negados às mulheres e não conseguiu esconder sua raiva no dia em que foi feita a condenação. Depois de uma série de objeções negadas, gritou com a juíza Syrova, que abaixou os óculos até a metade do nariz e afirmou "Você está perdendo a dignidade". "Há tempos a dignidade já se perdeu aqui", respondeu. Das 13 testemunhas que a defesa quis trazer, só três foram permitidas pela juíza.
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