quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Enquanto a cidade é maquiada, o fedor da Lagoa da Pampulha se espalha

O prefeito candidato à reeleição toma o eleitor como fácil de enganar. As urnas dirão se tem razão. Às vésperas da eleição Lacerda promove intensa maquiagem na zona sul, asfaltando ruas, construindo passeios e rotatórias, pintando faixas de pedestre, podando árvores e até instalando lixeiras. Coisas que ele não fez em quase quatro anos estão sendo feitas nas últimas semanas. Não pode impedir, porém, que o fedor na Lagoa da Pampulha denuncie seu descaso com os problemas realmente importantes na cidade.

Do jornal O Tempo.
Mau cheiro na lagoa estraga cartão-postal
Odor é causado por algas e matéria orgânica em decomposição 
Johnatan Castro
Enquanto serve água de coco e refrigerantes para clientes, a vendedora Andrielle Soldati, 23, reclama do forte mau cheiro que vem das águas de um dos principais cartões-postais de Belo Horizonte. No trecho da avenida Otacílio Negrão de Lima, próximo à igreja São Francisco de Assis -- onde ela estaciona seu carrinho de bebidas há três anos --, as margens da lagoa estão tomadas por uma grossa camada de algas de aspecto viscoso.
O odor, que lembra uma mistura de esgoto e animais em decomposição, pode ser sentido até mesmo de dentro dos carros que transitam em volta da lagoa. "Esse fedor tem piorado muito nos últimos anos. E o problema é maior entre a igrejinha e o Parque Ecológico da Pampulha. Diminuiu bastante o movimento", conta a vendedora. O problema é verificado em vários outros trechos.
O biólogo e especialista em recursos hídricos Rafael Resck explica que a presença das algas na água é apenas um dos elementos que contribui para o odor. "O mau cheiro aparece porque a lagoa tem muita matéria orgânica em decomposição".
O esgoto jogado na lagoa é a principal fonte de matéria orgânica, esclarece Resck. Segundo a prefeitura, dejetos de cerca de 90 mil pessoas são despejados na Pampulha. "Esse período do ano, que é seco, é mais crítico, pois não há renovação da água e as algas se multiplicam", afirma. Como essas algas são tóxicas, comer os peixes ou ter contato com a água da lagoa -- já contaminados -- é um risco constante, diz o biólogo.
Na Associação Pro-Civitas, responsável pelos bairros São Luís e São José, localizados na região, as reclamações referentes ao mau cheiro são diárias, segundo a presidente, Juliana Renault Vaz. "Já tive notícias de gente caminhando com máscara, às 6h. É uma piora continua e a prefeitura não apresenta solução"
A íntegra.