"Desde 2000 a classe média americana dotada de diploma universitário não tem reajuste salarial."
Da Agência Carta Maior.
A supremacia das finanças: uma usina de pobres
Saul Leblon
Existe um traço comum entre a rastejante recuperação norte-americana sob a batuta de Obama, a etapa aguda da crise que a antecedeu -- capitaneada por Bush Jr. -- e, antes ainda, o período de apogeu que originou tudo, composto pelo desmonte regulatório nas mãos de Reagan (1981-1989), seguido da consolidação rentista, sob a batuta do democrata amigo de FHC, Bill Clinton (1993-2001).
O fio que interliga o enredo é a persistente disseminação da pobreza na maior potencia capitalista da terra, antes, durante e depois do colapso de 2008.
A caminho do quinto ano, a crise mantém os pobres no limbo dos renegados; ao contrário do que se viu nos anos 30, subordina seu resgate à salvação das finanças, como criticou a Presidenta Dilma Rousseff, na ONU, nesta 3ª feira.
A prioridade ortodoxa justifica jogar novas cargas ao mar e ofusca a questão política central dos dias que correm: turbinado organicamente pelas finanças, o capitalismo atravessou o Rubicão despindo-se de qualquer compromisso com o presente e o futuro da sociedade; nos EUA, bem antes da crise, em pleno ciclo de expansão dos lucros e da produtividade, a engrenagem passou a cuspir regressividade e pobreza, gerando uma massa crescente de renegados. A esses, como sentenciou Mitt Romney, o mercado não tem o que dizer.
Os salários da força de trabalho nos EUA encontram-se em queda ou estagnados, desde 1999. No ano passado a renda média caiu em 18 estados, segundo o censo de 2011, divulgado agora em setembro; no anterior havia recuado em 35 das 50 unidades da federação.
Na ensolarada Califórnia, 335,7 mil pessoas atravessaram a linha pobreza em 2011, elevando o contingente de pobres do estado a 16,6% do total.
Desde 2000, a classe média americana dotada de diploma universitário, não tem reajuste salarial.
A íntegra.