A principal arma da direita é ideológica. Quem a emprega é principalmente o exército dos veículos da velha imprensa -- e não só no jornalismo: ela está presente também em novelas, programas de televisão diversos e até nas transmissões de futebol. Propaganda da direita travestida de imparcialidade e ataques violentos ao governo, a Lula e ao PT. A estratégia que vem sendo usada nos últimos tempos é de tentar jogar Dilma contra Lula e o PT, seduzir a presidente acenando-lhe com apoio, como fez Veja há duas semanas, dando capa ao que chamou de "choque de capitalismo da Dilma". A direita tenta se aproximar de Dilma para aparentar que é pequena a distância entre ela e a presidente. Assim, não haveria grande mudança, caso o eleitorado escolha seu candidato em 2014 -- Aécio, certamente. Foi o que fez em Minas e deu certo. Confundir petistas e tucanos -- Belo Horizonte é prova disso -- só serve à direita. Apesar de dar seguidas manifestações de boa vontade com a velha
imprensa, desde o primeiro momento do seu mandato, Dilma, nos últimos dias,
deixou bem clara sua lealdade a Lula, ao PT e à continuidade do governo
que a levou ao poder. Mudanças pessoais, sim, mudança de lado, não,
parece dizer. E então a direita reage violentamente, também contra ela, com a cara de pau habitual dos falsos moralistas, dos amigos do ex-senador DEMóstenes. O governo Anastasia tucano promove, agora como sempre, intensa campanha de propaganda dos seus feitos -- isto não é propaganda eleitoral?
Da Agência Carta Maior.
O "novo" (velho) conglomerado
Tarso Genro
O julgamento do chamado "mensalão" e o esforço que vem sendo feito pela mídia, sustentado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, de separar a presidenta Dilma do presidente Lula, configura um novo momento da luta política no país e exige uma nova atitude da esquerda para disputar os rumos da revolução democrática em curso no Brasil.
A tentativa de separar Lula e Dilma, como se o projeto de governo da presidenta fosse uma ruptura com tudo que Lula representou para o país, nos seus dois governos, redundou num fracasso completo. Só quem não conhece Dilma poderia achar que ela embarcaria nesta armadilha primária. Mas a tática da direita e da centro-direita brasileira, no contexto político que vive o país e a América Latina, não foi ingênua. Ela revela uma estratégia bem concebida para restaurar a hegemonia do "conglomerado" centro-direitista que já reinou no país.
Os protagonistas desta estratégia têm uma visão voltada, não somente para as próximas duas eleições presidenciais, mas também para o esfacelamento do principal partido de massas da esquerda brasileira. Com seus acertos, erros, desvios e crises -- que de resto atingem toda esquerda mundial no "pós muro" -- o PT vem mudando a estrutura de classes da sociedade brasileira e reorganizando os interesses destas classes no cenário da "grande política", aquela que decide os rumos da democracia e dos modelos de desenvolvimento.
A espetacularização do julgamento do "mensalão", colocado como marco "inaugural" da corrupção no Brasil e os vínculos deste processo manipulado com o PT, como instituição; a insistência dos vínculos do "mensalão" com a figura do ex-presidente Lula; a demonização da política e a glorificação da gestão pública "técnica", isenta de "política", que passa a ser sinônimo de pureza institucional (tática sempre praticada pelo fascismo em momentos de crise); a "revisão" do governo Lula, especialmente promovida por manifestações do principal líder da oposição (FHC, o único que restou em avançada idade), tudo isso aclara a tentativa de reorganização de um bloco político e social, neoconservador e neoliberal, que já havia colocado o país numa situação dramática.
A íntegra.
PSDB adotará medidas legais contra pronunciamento de Dilma na TV
Jailton de Carvalho
O presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), acusa a presidente Dilma Rousseff de usar a máquina pública para atacar adversários e de fazer propaganda eleitoral no pronunciamento em cadeia de rádio e tevê de quinta-feira à noite. Em nota divulgada neste sábado, o deputado disse que o partido adotará medidas legais contra a iniciativa da presidente. No discurso, transmitido em caráter obrigatório por emissoras de rádio e televisão em horário nobre, Dilma anunciou a redução média de 16,2% nas tarifas de energia elétrica residenciais e criticou o programa de privatização comandado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
A íntegra.