quarta-feira, 23 de abril de 2014

Dilma, a corrupção e a canalhocracia

"A agitação moralista a serviço da genuína imoralidade."
Ciro Gomes não está calado, mas não anda sendo ouvido. A "grande" imprensa só publica quem diz as mesmas coisas e Ciro sempre foi uma voz destoante.
Quem, hoje, publica a frase acima na "grande" imprensa?
O único articulista crítico que sobrou foi Jânio de Freitas, o decano.
É ingênuo quem pensa que não tem corrupção no governo do PT, mas é muito mais ingênuo quem pensa que essa gritaria toda da "grande" imprensa há quase 12 anos é porque ela combate a corrupção.

Da CartaCapital.
Moralismo a serviço da imoralidade
Na iminência do debate eleitoral, a canalhocracia se esforça para grudar em Dilma Rousseff a mancha da corrupção 
Ciro Gomes

Certa feita, fui à sala do presidente da República comunicar que iria romper com ele e com seu partido. Denunciei, entre outras razões, a corrupção sistêmica instalada em seu governo. Na data era o Ministério dos Transportes. O responsável, um quadro do PMDB, claro. A resposta me frustrou muito, mas nunca esqueci. "Ciro, um dia você vai sentar nesta cadeira", me disse, em tom acadêmico e apontando para a cadeira presidencial. "E aí vai ver que o presidente que não contemporizou com o patrimonialismo, caiu."
Essa memória me voltou por esses dias com muita força a propósito do esforço que a picaretagem tupiniquim faz para imputar em Dilma Rousseff a tisna da corrupção. É, sem dúvida, a agitação moralista a serviço da genuína imoralidade. Ou, em termos mais populares, são os corruptos na tentativa de arrastar para o seu universo podre uma pessoa clara e insofismavelmente decente.
Quem me acompanha sabe que não sou o maior entusiasta do atual governo. O leitor mais atento conhece minha opinião sobre o grande despudor com que o condomínio PT-PMDB – sejamos justos, partes grandes dele – se entranha nas tetas públicas. Mas não é possível calar diante do despudor com que a canalhocracia assesta suas baterias contra Dilma Rousseff na iminência do debate eleitoral.
Essa absurda compra de uma refinaria sucateada nos Estados Unidos foi feita em 2006. Por que a mídia só trata desse assunto agora? Aqui mesmo, neste espaço, em outubro do ano passado, falei mal desse absurdo pela enésima vez sem que ninguém desse a menor bola. Por que agora? Explico. Dilma resolveu confrontar o centro da máfia congressual na Câmara dos Deputados, que eu conheço bastante bem e já denunciei mil vezes sem a menor repercussão.
A íntegra.