E não é de hoje.
Na cobertura sobre os 50 anos do golpe de 64, ficamos sabendo que pesquisas da época indicavam a grande popularidade do presidente deposto João Goulart -- mas não foram divulgadas.
Em vez disso, as "marchas da família" recebiam toda a publicidade possível.
A classe média -- que mais tarde ficaria contra a ditadura, radicalizaria, pegaria em armas e seria exterminada pelo AI-5 -- era manipulada pela direita reacionária para derrubar um governo ligado aos trabalhadores (Jango era do PTB, o PT pré-64).
Agora, antes de perguntar em quem o entrevistado vai votar, o Datafolha acrescenta fatos negativos sobre o governo Dilma.
Dá uma ajudinha para Aécio e Campos, que não decolam.
Especialmente a pesquisa fala da Petrobrás.
A Petrobrás é o novo "escândalo" fabricado pelos mesmos que fabricaram o "mensalão": políticos que não viram seus interesses particulares atendidos pelo governo e "grande" imprensa; em seguida vem a "justiça".
Fazem -- Datafolha, imprensa e políticos -- política, ou politicagem. E estão na oposição.
Os últimos pelo menos não escondem que são políticos, que fazem politicagem.
Até as personagens se repetem: logo em seguida à pesquisa, Roberto Jefferson, aquele, publica que em agosto Lula substituirá Dilma como candidato do PT.
É possível. Seria legítimo. Tanto quanto Aécio abdicar a favor de Eduardo Campos, se este se mostrasse capaz de derrotar Dilma, já que os dois estão unidos. Mas qual é a verdade da afirmação?
Provavelmente ela é tão verdadeira quanto o "mensalão", uma palavra do marketing escandaloso com que Jefferson batizou o que todos os políticos sempre fizeram e que por isso mesmo não podia ser usado com os fins pretendidos.
O melhor é fazer o que faz o povo, com sabedoria: ignorar esse noticiário.
Do Diário do Centro do Mundo.
A pesquisa do Datafolha é mesmo esquisita
Paulo Nogueira
Sabemos todos que pesquisa boa é pesquisa que traz bons números para nosso candidato, e então seria natural que os simpatizantes de Dilma ficassem incomodados com os resultados do último levantamento do Datafolha.
Mas ainda assim, dado este desconto, é realmente esquisita a metodologia da pesquisa.
Se o encaminhamento das questões influenciou ou não na queda de 6 pontos de Dilma é difícil dizer.
Mas que as perguntas são passíveis de suspeição certamente são.
A íntegra.