"Se adotar a tática do 'diálogo' com a mídia e os piores inimigos, o PT – em vez de um passo à frente, com vitórias em Estados importantes – pode colher uma derrota definitiva."
"A velha mídia é sócia dos tucanos num projeto político conservador. O PT
– apesar de suas fragilidades e inconsistências crescentes – é a
ferramenta disponível para os que lutam por barrar a direita e aprofundar as reformas sociais no Brasil."
"Se insistir nos 'almoços', o PT pode virar a sobremesa. Com as cabeças de Dilma / Lula / Padilha / Dirceu
e de toda a esquerda servidas na bandeja, e expostas nas manchetes dos
jornais e telejornais inimigos nos dias e meses seguintes à eleição."
Boa análise sobre as relações do PT e seus governos com a imprensa protofascista.
Do blog Escrevinhador.
Padilha e o "diálogo" com a imprensa: até onde vão as ilusões petistas?
Rodrigo Vianna
O PT deveria ter aprendido – com Lula – que esses almoços com
representantes da velha mídia não servem pra nada. O então candidato
petista foi à sede da “Folha”, em 2002. Lá pelas tantas, o herdeiro do
jornal, Otavinho Frias, fez uma insinuação de que Lula não estaria
preparado para ser presidente porque não sabia falar inglês. Lula
levantou-se e foi embora. O velho Frias (que emprestava carros para
torturadores durante a ditadura, mas não era tolo a ponto de confrontar
um futuro presidente) saiu andando atrás do candidato, tentando se
desculpar pela arrogância do filho.
Lula jamais se vingou dos Frias. Olhou pra frente. Errou? Teve a
chance, também, de enterrar a Globo – endividada em 2003. Não avançou
nisso. Aliás, presidente eleito, foi para a bancada do JN ao lado de
Bonner. Alguém imaginaria Brizola, eleito, na bancada do JN? Alguns
dirão: por isso que Brizola jamais foi presidente. Talvez, tenham razão…
Mas o PT seguiu apanhando e confraternizando-se com a velha mídia.
Dilma foi fazer omelete com Ana Maria Braga em 2011. E disse que a
questão da Comunicação no Brasil se resolvia com controle remoto.
Haddad, eleito depois de uma campanha em que meios digitais tiveram
papel decisivo na capital paulista, mandou dizer pouco antes da posse
que Comunicação era um assunto em que não cabia debate sobre políticas
públicas. Pôs no cargo de secretário um jornalista que imagina resolver
todos problemas com telefonemas para as redações da Folha e Estadão.
Haddad chegou a dizer que esperava uma "normalização" das relações com a
mídia. Foi cozido e fritado por ela.
Padilha começou sua campanha a governador de São Paulo com caravanas
pelo interior – transmitidas pela internet. Boa novidade. Mas também
adotou a "tática" (!) dos almoços em jornais, pensando em criar (quem
sabe) um clima de camaradagem com personagens do quilate dos Mesquita e
dos Frias. Recentemente, ouvi de um alto dirigente do PT (foi conversa
em off, não posso por isso revelar detalhes) que o partido não abre mão
de "dialogar com todos os setores da imprensa" na campanha para o
governo de São Paulo.
Sei… Gostaria de saber o que esse petista graúdo acha do "diálogo"
estabelecido entre os jornais e Padilha na última semana. Diálogo
bastante interessante.
O ex-ministro foi submetido a uma operação de guerra. A tentativa é de abatê-lo em pleno voo, antes mesmo da campanha começar. Os aliados midiáticos dos tucanos perceberam a fragilidade de Alckmin num momento em que São Paulo está na iminência de ficar sem água por falta de planejamento dos governos do PSDB. No dia em que Padilha iria pra TV falar da seca, os jornais vieram com o ataque coordenado contra o petista.
As manchetes seriam a sobremesa do almoço recente de Padilha com representantes da família Mesquita?
A íntegra.